Linha biodegradável da Puma foi um falhanço de vendas
Em 2013, a Puma anunciou a comercialização da InCycle, uma linha de roupa biodiegradável constituída por uns ténis, casaco e mochila e que, na opinião dos responsáveis da marca, seria o início da uma nova era em que a moda ética se tornaria popular.
Porém, dois anos depois, a InCycle foi finalmente considerada um falhanço. Em Novembro de 2014, a Puma já tinha admitido que nenhum dos seus principais retalhistas tinha encomendado o produto, que poderia apenas ser comprado nas suas lojas oficiais. Mas, mesmo aqui, a procura foi diminuta.
“Vamos ainda perceber o que fazer com a colecção depois de 2015”, explicou a marca em 2014. O que, por outras palavras, significa que a linha biodegradável – esta, pelo menos – chegou ao fim.
No entanto, nem todos pensam que a roupa biodegradável é um falhanço de vendas. “Só por uma colecção não ter tido sucesso, não quer dizer que todos os produtos biodegradáveis terão o mesmo destino”, explicou ao Guardian Carolina Cantor, co-fundador da Shop Ethica, um mercado online para marcas sustentáveis.
Segundo Carolina, o sucesso dos produtos biodegradáveis não está relacionado com o tamanho das marcas ou a sua escala. Muitas vezes, os fabricantes mais pequenos levam vantagem.
Um dos exemplos utilizados por Carolina, que vive e trabalha em Nova Iorque, nos Estados Unidos, é o empreendedor Fernando Gerscovich, de Los Angeles. Gerscovich e os dois irmãos lançaram uma marca de roupa – Industry of All Nations (IOAN) – que fabrica produtos biodegradáveis. Em Setembro, eles abriram a primeira loja na boulevard Abbot Kinney, Los Angeles, onde vendem as suas sandálias por €30.
Os três irmãos começaram a utilizar sandálias na sua Argentina natal. “Elas são usadas por todos, desde os gaúchos até aos estudantes universitários”, explicou Fernando ao The Guardian.
Ao invés das sandálias tradicionais, que têm uma camada de borracha por baixo, os irmãos utilizaram uma camada grossa de algodão para manter o sapato unido. Assim, quando a sandália chegar ao final de vida, basta abrir um buraco no chão, colocar as sandálias com algumas sementes e água e uma planta nasce naturalmente. “Imaginem que este era o objectivo de todos os produtos fabricados [no mundo]?”, pergunta.
Gerscovich diz que não tem problemas em vender as suas sandálias biodegradáveis – ao invés da Puma – e estima ter vendido 20.000 nos últimos três anos. Um número interessante para a IOAN, mas insatisfatório para a Puma.
Ainda assim, marcas com a dimensão da Puma têm um papel importante em mudar a mentalidade das pessoas, criar tendências com têxteis mais sustentáveis e, sobretudo, mais baratos. E só uma iniciativa conjunta da indústria, que alie o bom marketing, bons preços e o bom design irá ajudar os consumidores a viraram-se para os produtos sustentáveis e biodegradáveis.