Linhas Aéreas de Moçambique cancela voos para o norte devido ao ciclone Jude



A empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) cancelou os voos domésticos de e para o norte do país, devido à aproximação do ciclone tropical Jude, que afeta aquela região desde hoje, anunciou a estatal em comunicado.

“Devido à tempestade tropical Jude, que fustiga a região norte do país, e por razões de segurança operacional estão cancelados os voos domésticos de e para Nampula, Pemba e Nacala, a partir de Maputo”, lê-se no documento enviado à comunicação social.

Segundo a companhia de bandeira moçambicana, ficam cancelados os voos entre Maputo e Nampula que tinham sido programados para segunda-feira e os voos das rotas Maputo-Nacala e Maputo-Pemba, marcados também para esta segunda-feira.

“Os passageiros afetados por estes cancelamentos serão transportados logo que o estado do tempo apresentar melhorias e favorecer a realização de voos”, referiu ainda a LAM.

A LAM opera 12 destinos no mercado doméstico e a nível regional voa regularmente para Joanesburgo e Cidade do Cabo, na África do Sul, e para Dar es Salaam, na Tanzânia, tendo suspendido os voos para Lisboa, Harare, no Zimbábue, e Lusaca, na Zâmbia, rotas tidas como insustentáveis.

As províncias de Nampula e Cabo Delgado, no norte de Moçambique, e Zambézia, na zona centro, estão na rota do ciclone tropical Jude, que poderá atingir o país africano nas primeiras horas de segunda-feira, a partir da província de Nampula.

As três províncias já tinham sido afetadas pelos ciclones Chido e Dikeledi na atual época chuvosa, entre dezembro e janeiro.

Pelo menos 40.245 pessoas estão sem energia elétrica em Nampula devido ao mau tempo causado pela aproximação do ciclone tropical Jude, anunciou hoje a Eletricidade de Moçambique (EDM), alertando para dificuldades na reposição do sistema face a chuvas e ventos fortes.

O novo ciclone pode afetar um total de 341 mil pessoas, avançou o Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), referindo que já foram ativados os comités operativos de emergência e que decorrem encontros entre o Governo moçambicano e parceiros para o levantamento de todos os recursos disponíveis de assistência aos afetados.

“Neste momento existe capacidade para assistir cerca de 65 mil pessoas daquilo que tinha sido arrolado e foi anunciado no conselho técnico, mas durante o dia de hoje e amanhã [segunda-feira] esses recursos podem ser dinamizados e, naturalmente, este número poderá alterar”, disse o porta-voz do INGD, Paulo Tomás, durante uma conferência de impressa, em Maputo.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inam) de Moçambique, o ciclone tropical Jude poderá causar ventos com rajadas de até 180 quilómetros por hora e chuvas fortes que poderão atingir 250 milímetros em 24 horas.

As autoridades moçambicanas alertaram também para a ocorrência de inundações urbanas, sendo a cidade de Quelimane, capital provincial da Zambézia, a que “está com alto risco”.

Moçambique está em plena época chuvosa, que decorre entre outubro e abril, período em que foram já registados os ciclones Chido e Dikeledi, que afetaram o norte do país.

Os ciclones atingiram Moçambique entre dezembro do ano passado e janeiro último, com maior impacto para as províncias de Cabo Delgado e Nampula, tendo afetado cerca de 736.000 pessoas e causado a destruição de infraestruturas públicas e privadas.

Eventos extremos, como ciclones e tempestades, provocaram pelo menos 1.016 mortos em Moçambique entre 2019 e 2023, afetando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) noticiados anteriormente pela Lusa.

O país africano é considerado um dos mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, mas também períodos prolongados de seca severa.





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