Lobo-ibérico oficialmente extinto na Andaluzia. Conservacionistas dizem que é “totalmente inadmissível”



Desde 2003 que o governo regional da Andaluzia realiza censos da população local de lobos-ibéricos (Canis lupus signatus), uma espécie ameaçada protegida por lei. Em 2012, o Conselho Ambiental andaluz, a entidade responsável pela gestão da biodiversidade, publicou um relatório no qual estimava que existiriam na região, cerca de 50 lobos, distribuídos por sete alcateias localizadas sobretudo na Sierra Morena.

Nesse ano, os técnicos do Conselho Ambiental terão ainda “tido conhecimento de que pelo menos um grupo familiar se terá reproduzido”.

No entanto, no relatório de 2017-2018 – não está publicado outro que seja anterior, além do de 2012 –, a autoridade escreve que “o importante esforço de amostragem realizado em 2017-2018 (…) indica que o lobo poderá ter desaparecido da Andaluzia”, acrescentando que “não há evidências da presença de nenhum grupo reprodutor desde 2003”, nem dados da “presença de qualquer indivíduo desde 2014”.

Nos relatórios de 2019 e de 2020, a entidade andaluz da conservação da Natureza passou a incluir nas suas conclusões que “não se encontram indícios da presença do lobo na Andaluzia”. Desde então, não foi publicado mais nenhum relatório na página online daquele que é agora conhecido como o Conselho de Sustentabilidade, Meio Ambiente e Economia Azul da Junta de Andaluzia.

Ainda assim, o governo regional diz que será dada continuidade aos esforços de monitorização da espécie “face à probabilidade de recolonização da Andaluzia, a médio-longo prazo, pela expansão que o lobo tem experienciado a partir do norte e do centro peninsulares”.

Contudo, a imprensa espanhola relata que só agora é que Conselho de Sustentabilidade, Meio Ambiente e Economia Azul confirmou que o lobo-ibérico está extinto na Andaluzia desde 2020. A espécie desde 2015 que se considera em perigo de extinção na região andaluz, mas nunca foi listada como tal.

Na rede social Twitter, o núcleo espanhol da organização ambientalista WWF escreveu esta segunda-feira que “é totalmente inadmissível que o lobo se tenha extinguido na Andaluzia sem que [o Conselho de Sustentabilidade, Meio Ambiente e Economia Azul da Junta de Andaluzia] o tenha incluído na Lista Regional como espécie em perigo”. A WWF Espanha critica ainda o governo regional por não haver um “plano de recuperação que inclua a reintrodução de exemplares”.

Em declarações ao jornal britânico ‘The Guardian’, Luis Suárez, coordenador de conservação da WWF Espanha, afirma que “isto são más notícias e confirma a tendência negativa das poucas alcateias que ainda existem no sul de Espanha, que estão ameaçadas ao ficarem física e geneticamente isoladas dos lobos do resto de Espanha, pela perda de habitat” e pela caça ilegal.

O conservacionista diz que se trata de “uma perda vergonhosa” e que é o resultado da “falta de vontade política por parte do governo regional para adotar medidas de conservação”.

E acrescenta que “é incompreensível que, apesar de a situação se estender há décadas, o lobo não foi listado como uma espécie em perigo de extinção e que não tenha havido um plano de recuperação”. Se tal tivesse sido feito, o governo andaluz teria a obrigação legal para agir em prol da proteção da população lupina local.





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