Lojas de moda online enviarão 21,8 mil milhões de sacos de plástico desnecessários aos consumidores europeus até 2030



Os retalhistas de moda online entregaram, só no ano passado, 2,9 mil milhões de sacos de plástico desnecessários aos compradores europeus nos seis principais mercados, o equivalente a 7,8 milhões de sacos por dia. As sucessivas medidas destinadas a limitar a utilização de sacos de plástico nas lojas, como por exemplo, a obrigação de os cobrar, reduziram significativamente a sua presença no comércio tradicional. No entanto, o aumento das compras online tem sido acompanhado por um aumento constante da utilização de sacos de plástico no e-commerce.

Uma análise efetuada pela Development Economics, encomendada pela empresa de packaging sustentável DS Smith, uma empresa da International Paper, revela que o número de sacos de plástico “secundários” em utilização aumentará 47% até 2030, em consonância com o crescimento previsto das vendas de moda online. Isto significa que, até 2030, 4,2 mil milhões de sacos de plástico chegarão aos lares europeus todos os anos, o que corresponde a 21,8 mil milhões de sacos desnecessários nos próximos cinco anos.

Apenas 7% dos sacos do e-commerce de moda, entregues nos seis mercados, estão atualmente a ser reutilizados ou reciclados, enquanto os restantes 93% acabam em aterros ou incinerados, o que equivale a 2,6 mil milhões de sacos só no ano passado. Se o crescimento previsto do e-commerce e a lenta evolução das taxas de reciclagem se mantiverem, significa que, até 2030, mais de 3,8 mil milhões de sacos de plástico acabarão em aterros ou serão queimados anualmente.

Como se pode acelerar a mudança?

“Em parceria com algumas das maiores marcas do mundo, estimamos que, nos últimos quatro anos, substituímos mais de mil milhões de elementos de plástico, mas precisamos de fazer mais”, refere Luis Serrano, Sales, Marketing & Innovation Diretor da DS Smith Ibéria. “Embora as compras online tenham crescido, os retalhistas de e-commerce estão atrasados em relação às grandes superfícies no que diz respeito à substituição dos sacos de plástico”.

“As empresas podem sentir-se tentadas a focar-se apenas no preço, mas manter o plástico tem um custo: os consumidores não o querem e as marcas arriscam a sua reputação se o ignorarem. Acreditamos que a legislação pode e deve ser mais exigente para todos nós, eliminando gradualmente determinados plásticos para ajudar a criar um contexto de mercado que incentive a inovação e o investimento e gere uma concorrência saudável para os substituir”, sublinha Luis Serrano.

As marcas que lideram a transição

A Zalando, o principal retalhista multimarca de moda e lifestyle da Europa, é uma das marcas que já fez a mudança. Desde 2020, em vez de sacos de plástico, têm vindo a utilizar, para as suas entregas, sacos fabricados com conteúdos reciclados e fibras virgens com certificação FSC. Uma evolução que foi muito bem recebida pelos seus clientes. David Fischer, Director Logistics Sustainability & Packaging da Zalando, afirma: “A substituição dos sacos de plástico por sacos de papel mudou as regras do jogo. Após a introdução dos nossos primeiros sacos de papel nas entregas, a satisfação dos clientes com o nosso novo packaging registou um aumento de 16 pontos percentuais em relação ao ano anterior. A elevada taxa de aceitação deixa-nos confiantes de que estamos no caminho certo com sacos de papel que são fáceis de reciclar na maior parte da Europa.”

No entanto, a eliminação dos plásticos de utilização única continua a ser um obstáculo fundamental para o setor do e-commerce atingir os seus objetivos de sustentabilidade. Encontrar a solução perfeita é uma tarefa complexa, especialmente num contexto em que as alternativas mais sustentáveis ainda não são totalmente escaláveis ou podem não cumprir os requisitos mínimos, tanto em termos de sustentabilidade como de viabilidade operacional.”

O que pensam os consumidores europeus?

A maioria dos europeus apoia a transição para o uso de materiais mais facilmente recicláveis, segundo o último inquérito realizado pela DS Smith. Quase três quartos (74%) das pessoas nos seis grandes mercados querem que os sacos de plástico sejam gradualmente eliminados sempre que existam alternativas disponíveis, e dois terços (68%) dos compradores asseguram que preferem receber as suas compras embaladas em cartão ou papel.

Metade dos compradores europeus afirmam sentirem-se culpados pela quantidade de plástico que recebem com as suas encomendas e mais de metade (55%) afirmam que é mais provável que encomendem a um retalhista de moda online que utilize embalagens facilmente recicláveis. Em termos de responsabilidade pela redução da utilização de plástico, 23% acreditam que a responsabilidade é do governo ou da União Europeia, 41% que é da responsabilidade das empresas de packaging e 36% consideram que os próprios retalhistas deveriam estar mais envolvidos.

 






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