Lucy, o nosso antepassado mais antigo, morreu ao cair de uma árvore, dizem os cientistas
Dados passados de geração em geração dizem-nos que Lucy, o nosso antepassado mais antigo, era bastante pequeno, com pouco mais de um metro e cerca de 25 quilos. Crê-se também que há 3,2 milhões de anos Lucy percorria as terras áridas da Etiópia em busca de alimentos dormindo no cimo das árvores para se proteger dos predadores. Ora, segundo um estudo divulgado hoje, foi precisamente do cimo de uma árvore que Lucy caiu, numa queda que se revelou mortal.
Investigadores da Universidade do Texas viram hoje a sua investigação ser publicada na conceituada revista Nature, num trabalho que revela novos dados sobre a possível morte de Lucy. Depois de rigorosas inspecções e projecções tomográficas de um subconjunto de quebras em seu esqueleto, os cientistas concluíram que o nosso antepassado tinha caído de uma altura de aproximadamente 13 metros, perto do local onde os restos mortais foram encontrados, já no século XX, década de 70.
John Kappelman, paleantropologista na Universidade do Texas e autor do estudo, acredita que as fracturas encontradas nos ossos de Lucy são coincidentes com um forte impacto, com as mãos e pernas mais danificadas, como se tivesse sofrido uma queda. “Este é o tipo de fracturas que acontecem quando as pessoas caem”, afirma.
Lucy era um Australopithecus afarensis, uma espécie de hominídeo, que teve um papel fundamental no entendimento que hoje temos da evolução dos macacos para o homem. O seu esqueleto foi encontrado em 1974 pelo paleoantropólogo Don Johanson e mais tarde, em 1982, todas as fendas foram catalogadas. Foi ao fazer uma nova análise detalha a estas fenda, e munidos da mais recente tecnologia, que Kappelman e a sua equipa encontraram fracturas nos ombros, tornozelo direito, joelho esquerdo, pélvis e nas costelas – em tudo semelhante às quebras que os ortopedistas modernos observam em pacientes que deram valentes quedas.
Estes dados são apenas uma hipótese sem possibilidade de confirmação absoluta, mas para Keppleman e a sua equipa os ossos de Lucy funcionam como uma espécie de máquina do tempo, que nos permite voltar muito, muito, muito lá atrás para tentar descobrir mais sobre a vida desta peça fundamental do nosso puzzle enquanto espécie.
Foto: ANP