Luta pela água estará na origem da Terceira Guerra Mundial
Em 2015, dados de satélite da NASA revelaram que 21 dos 37 grandes aquíferos do globo estão a passar por stress hídrico, uma crise que, numa era em que há cada vez mais actividades agrícolas e industriais – e mais espalhadas pelo globo – deverá intensificar esta crise.
Segundo Rajendra Singh, conhecido como “o homem da água da Índia”, estes aquíferos podem ser revitalizados com a ajuda da comunidade, mas existe um grande ponto de interrogação em relação ao stress hídrico: até que ponto ele estará na origem de uma espécie de Terceira Guerra Mundial?
“Estamos às portas da Terceira Guerra Mundial. E essa terá como ponto de origem a [falta de] água, se não fizermos nada para parar esta crise”, explicou o também fundador da ONG (organização não-governamental) Tarun Bharat Sangh, que lançou uma série de conversas – World Water Peace Talks – para colocar o assunto na ordem do dia.
“Estas são conversas para aumentarmos a notoriedade [do tema] – este ano cobrimos 17 países e em nove deles existiam pessoas deslocadas. Onde o terrorismo está activo existe, normalmente, escassez de água. Há muitas pessoas, no Médio Oriente e países africanos, que estão a ir para a Europa devido à falta de água”, continuou.
Segundo Singh, foram as grandes empresas que criaram o mercado da água. “Elas poluem os nossos rios e depois fazem-nos pagar para beber água. Dizem que apenas com um preço alto de mercado é que conseguimos disciplinar a sua utilização, mas isso não é verdade. Na minha região, há 19 anos que o nosso parlamento criou regras e regulamentos sobre água que todos seguem – e existe água para todos”, afirmou Singh.
“A gestão comunitária e sustentável de água existe há milhares de anos, sem que ninguém pusesse um valor [no recurso]. Por que é que precisamos disso hoje? Porque o sector corporativo está a fazer as regras. A privatização não é a resposta e cobrar mais também não”, concluiu Singh ao Quartz.
Foto: avocadogirlfriend / Creative Commons