Macau: activistas dos direitos de animais denunciam tratamento brutal dos galgos
Em Macau, Região Administrativa Especial da China desde 1999, há um canídromo, um espaço onde, todos os dias, 300 galgos participam em corridas que envolvem apostas.
Sendo o único local, em toda a Ásia, onde se podem ver corridas de galgos, o Canídromo – construído em 1930 – é uma das grandes atracções macaenses. Mas desde o início do mês está sob forte ataque, sobretudo da associação de protecção de animai da Macau, a Anima.
Segundo o presidente da Anima, a Yat Yuen, que gere o recinto, teria concordado em entregar os galgos para adopção depois da sua vida activa, mas a empresa falhou logo na primeira entrega.
“Deram o dito por não dito. A Anima não quer ter mais qualquer tipo de conversações com quem não está de boa-fé e não honra os seus compromissos”, explicou Albano Martins. O acordo estava feito e, no último sábado, seria assinado. A entrega do primeiro galgo para adopção era um acto simbólico.
Na verdade, este é mais apenas mais um episódio de uma empresa que tem estado sempre sob fogo da comunidade internacional. Porquê? Todos os anos, a Yat Yuen decreta o abate de 400 galgos, por injecção letal.
Desta vez, o rompimento do acordo com a Anima chegou à imprensa internacional de referência, como o Guardian. “O uivar dos cães pode ser ouvido através das grandes paredes de cimento, perto do arame farpado que protege o Canídromo de Macau”, diz o jornal.
Segundo o jornal Ponto Final, a mediação do pseudo-acordo entre a Anima e a Yat Yuen foi feita pela direcção de inspecção e coordenação de jogos (DICJ) de Macau. “Servimos de intermediários, tenho a ideia de que as conversações estavam a ir no bom caminho, mas o que foi acordado ficou entre as partes”, explicou Manuel Neves, que coordena este organismo.
“É de esperar novas pressões das organizações internacionais”, admitiu Albano Martins. Em Julho do ano passado, começou a correr uma petição online, dirigida ao chefe do executivo, Chui Sai On, contra as corridas de galgos em Macau.
O pedido foi feito depois de uma reportagem do South China Morning Post ter revisto em alta o número de abates na pista – para mais de um por dia. Mais tarde, a Fundação para os Animais da Ásia pediu ao Governo da Austrália para deixar de exportar galgos para Macau.
Em média, um galgo pode viver entre dez a 13 anos. Segundo o jornal de Hong Kong, o abate é decidido se um cão ficar excluído dos três primeiros lugares, por cinco vezes consecutivas. As corridas decorrem durante quatro dias por semana.