Mafalda Galhofo: “Os cães deixam na rua o que os donos têm na cabeça”



“AQUELA VELHA IDEIA DE UM JARDIM VERDE, calmo e limpo é cada vez mais rara nas grandes zonas urbanas. Por um lado, a falta de espaços verdes é cada vez mais frequente nas cidades, sobrelotadas, aliado a um mau ordenamento de território, leva cada vez mais ao desespero os escassos mas bons habitantes, que sentem uma felicidade genuína num espaço verde.

Nas poucas cidades onde ainda se conservam alguns destes espaços, no entanto, levantam-se de imediato questões acerca da sua limpeza. Quem nunca pisou acidentalmente um dejecto de cão? Agradável? Pois, nem por isso. O que é facto é que este tipo de poluição só existe porque os donos, os verdadeiros responsáveis pela limpeza das necessidades fisiológicas dos seus animais, assim o permitem.

Talvez a designação de “espaço público” não clarifique o suficiente a ideia de que é um espaço que pertence um bocadinho a todos nós e como tal, toda a gente tem o dever de o manter limpo para poder ter igualmente o direito de o desfrutar.

Todos nós, e em especial os donos, temos que ter uma racionalidade “em duplicado”, a deles e a seus animais de estimação, que sem culpa nenhuma limitam-se a fazer as suas necessidades fisiológicas. O exemplo, claro, também deverá partir por parte das organizações governamentais, que podem instalar postes com sacos descartáveis destinados a recolher esses mesmos dejectos – e caixotes do lixo suficientemente numerosos para os depositar.

É cada vez mais necessário educar e estimular a nossa sociedade a adquirir aquilo que eu chamaria de “inteligência e cultura ambiental”, fazer entender que, por mais insignificante que pareça, é igualmente um tipo de poluição, muitas vezes reconhecido como um foco de doenças e acima de tudo um enorme desrespeito pelo espaço público e, consequentemente, pelos outros.

Claro que podemos sempre dar a velha desculpa de que não podemos controlar tudo o que os nossos animais de estimação fazem, o que até tem a sua base de verdade, mas com certeza poderemos controlar aquilo que escolhemos fazer para tornar o nosso planeta mais saudável e verde. Podemos com certeza escolher ser cidadãos exemplares e podemos com toda e absoluta certeza conservar aquela que é, afinal de contas, a casa de todo nós”.

Mafalda Galhofo tem 20 anos, é estudante da área da saúde e leitora do Green Savers. Quer publicar o seu artigo no nosso agregador? Envie-nos o seu texto para info@greensavers.sapo.pt ou cmartinho@gci.pt. Estamos à procura da sua inspiração ou desabafo.





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