Magawa, o rato que deteta minas terrestres no Camboja, vai reformar-se



Magawa vai reformar-se depois de cinco anos a trabalhar na deteção de minas no Camboja, uma experiência que ajudou a salvar muitas vidas e até lhe rendeu um prémio por bravura. “Ele já está um pouco cansado”, disse à AFP Michael Heiman, chefe do programa de desminagem do Camboja da organização não-governamental belga Apopo. “O melhor é que se reforme”, acrescentou.

Em setembro do ano passado, Magawa recebeu uma medalha de ouro da British Animal Protection Association (PDSA), que anualmente recompensa um animal por bravura. Magawa foi o primeiro rato a receber esta recompensa.

Desde que começou a ser treinado pela organização belga Apopo, que se dedica a treinar ratos, Magawa, que é da espécie Cricetomys gambianus, já descobriu 39 minas e 28 munições não detonadas. O que significa que já “fiscalizou” mais de 141 mil metros quadrados — o equivalente a 20 campos de futebol — e, mais importante, que impediu que vidas se perdessem. Por isso mesmo, foi distinguido com uma miniatura da medalha de ouro PDSA, o equivalente à Cruz de Jorge (a mais alta condecoração civil no Reino Unido) para animais.

A ONG belga Apopo, que atua na Ásia e em África, treina ratos para ensiná-los a identificar a tuberculose e também os usa para localizar minas, já que estes animais têm um talento especial para tarefas repetitivas quando são recompensados com suas refeições preferidas. Além disso, por serem pequenos, estão protegidos das explosões.

Para detectar a dinamite dos explosivos, o rato sabe que precisa de mover a terra para alertar os humanos para a sua descoberta.

Magawa, que mede 70 centímetros, consegue inspecionar uma área equivalente a um campo de ténis em 30 minutos, tarefa que levaria quatro dias por um humano com detector de metais.

Segundo a ONG, um grupo de cerca de 20 ratos especialmente treinados acaba de chegar ao Camboja e iniciará a sua missão no país para detectar minas. Mas vai levar tempo para que igualem Magawa, que é “um rato extraordinário”, de acordo com Michael Heiman. “Sentiremos a sua falta”, acresentou.

Estima-se que entre quatro a seis milhões de minas tenham sido enterradas no Camboja entre 1975 e 1998, tendo já causado mais de 64 mil mortes — e tornando o país naquele com maior número de amputados per capita (mais de 40 mil pessoas).





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