Manifesto pede plano de emprego e fecho no prazo previsto da central nuclear de Almaraz

Cerca de 70 associações e partidos políticos portugueses e espanhóis lançaram hoje um manifesto pelo encerramento no prazo previsto da central nuclear de Almaraz, em Espanha, acompanhado de um plano de emprego para os municípios afetados pelo fecho.
O Governo espanhol aprovou em 22 de abril o início do processo de encerramento de Almaraz a partir de 2027, num contexto em que tem aumentado a pressão para que o funcionamento da central nuclear seja prolongado.
Em março as principais empresas energéticas de Espanha, proprietárias da infraestrutura, pediram uma reavaliação do calendário de encerramento de Almaraz, enquanto o Partido Popular (PP, de direita) inscreveu no Congresso dos Deputados um projeto de lei para prolongar a vida útil das centrais nucleares em Espanha.
À Lusa, o coordenador do Observatório Ibérico de Energia (OIE), António Eloy, sublinhou que o manifesto hoje apresentado em Lisboa e em Mérida (Espanha) visa lembrar a opinião pública nacional que “tem de continuar atenta” ao processo de encerramento de “um central nuclear perto de Portugal que pode criar problemas e que vai criar cada vez mais problemas, porque está velha”.
Além do OIE, subscrevem o abaixo-assinado outros nove coletivos e dois partidos políticos portugueses: A Ideia, revista de Cultura Libertária; Alter Ibi – Associação Transfronteiriça para o Desenvolvimento; Associação Ecossocialismo; Campo Aberto – Associação de Defesa do Ambiente; FAPAS – Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade; GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente; Iris – Associação Nacional de Ambiente; Pró-Tejo; ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável; Livre; e Bloco de Esquerda.
O manifesto “Por uma Extremadura Sem Nucleares – Não ao Prolongamento de Almaraz” exige ainda ao governo central espanhol que, se tal for exequível, “ponha em marcha a construção um armazém geológico em profundidade” – ou seja, que os detritos acumulados fiquem isolados durante milhares de anos por rochas – e que este seja “pago integralmente pelas companhias elétricas”.
A “restauração ecológica do local da central, uma vez terminada a fase de desmantelamento e o período de vigilância que confirme a inexistência de riscos residuais” é outra das medidas exigidas.
Em operação desde 1981 (operação comercial desde 1983), a central nuclear de Almaraz está implantada numa zona de risco sísmico, a 110 quilómetros em linha reta da fronteira portuguesa.
As proprietárias das infraestrutura são a Iberdrola (53%), a Endesa (36%) e a Naturgy (11%).