Matemáticos e físicos estudam a tecnologia verde como fenómeno social



Os sociólogos têm vindo a estudar as redes sociais há cerca de 50 anos, como forma de compreender como é que as pessoas se ligam umas às outras e como é que as novas ideias e instrumentos viajam com sucesso entre elas. Muitas vezes, é espalhando-se pelo Facebook ou Twitter que um artigo ou evento rapidamente angaria fãs e apoiantes.

Nick McCullen, investigador no Reino Unido, afirma que agora também “os físicos e matemáticos estão a entrar neste jogo com os seus modelos de computador”. E as potenciais implicações para algumas das nossas maiores redes físicas de pessoas – as cidades – são bastante intrigantes.

McCullen e os colegas têm tentado moldar matematicamente a forma como a tecnologia sustentável é difundida através de uma comunidade, na esperança de que os decisores políticos das cidades possam um dia ser capazes de usar essa sofisticada fórmula para descobrir como persuadir as pessoas a instalar painéis solares nos seus telhados.

A nível global, as cidades são responsáveis ​​por 70% de todas as emissões de carbono e, em muitas áreas urbanas, cerca de 30% deriva do sector habitacional. Se os modelos matemáticos conseguirem ajudar as cidades a compreender de que forma a tecnologia energética se difunde, será uma vitória tanto para o meio ambiente, como para este campo emergente da ciência.

“Neste momento estamos numa fase de provar o conceito com estes modelos, tentando mostrar que eles se podem revelar úteis acerca do mundo real, que podem fornecer ferramentas de tomadas de decisão vantajosas”, disse McCullen.

O modelo que o investigador e os seus colegas construíram baseia-se em parte da nossa compreensão de como as ideias se espalham através do contacto social, explica o The Atlantic Cities. Da mesma forma que determinadas informações e influências se espalham via redes sociais, o mesmo pode acontecer com o uso da tecnologia verde.

Neste novo modelo, cada individuo é representado como um nó da rede. E as pessoas são motivadas a adoptar a nova tecnologia baseando-se em três factores: a preferência pessoal, a influência das pessoas próximas e as normas sociais. Se a tecnologia me pode ajudar a poupar dinheiro, se os meus amigos a usam e se ela até parece agradar à sociedade, então os painéis solares podem ganhar mais um adepto.

Acontece que as pessoas não têm tendência para partilhar as suas apostas no uso de energia da mesma forma que compartilham informação a respeito de telemóveis ou computadores – ninguém se vai gabar online acerca do isolamento da sua casa, por exemplo. Isto significa que a propagação deste tipo de tecnologia pode ser particularmente dependente de interacções cara-a-cara. Para se decidir a instalar um painel solar, vai ser muito mais preponderante o testemunho de alguém conhecido do que propriamente as redes sociais.

Todo este exercício matemático tem como objectivo simular de que forma uma complexa rede de pessoas se comporta. Com dados reais sobre como as pessoas falam acerca do uso de energia, os modelos podem tornar-se ainda mais precisos. Recorrendo a eles, os municípios poderão testar intervenções políticas – recomendações, descontos, campanhas de marketing – capazes de tornar mais eficaz a disseminação da tecnologia sustentável.





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