Mau tempo: Governo quer levantamento dos danos até fim do ano para dar apoios o mais rápido possível
O Governo quer fazer o levantamento dos prejuízos nos concelhos afetados pelo mau tempo até ao final do ano para “desenhar os apoios o mais céleres possíveis”, anunciou hoje a ministra da Presidência.
“O ponto é garantir que o Conselho de Ministros tome a decisão de reconhecer a gravidade do que aqui aconteceu e de definir todos os apoios. É isso que faremos e assim que tivermos os danos [contabilizados] tomaremos essas decisões”, sustentou Mariana Vieira da Silva, em declarações aos jornalistas depois de uma visita às áreas mais afetadas do concelho de Loures pelas torrentes de quarta-feira da semana passada e desta terça-feira.
Ladeada pelo presidente da Câmara de Loures, o socialista Ricardo Leão, a governante deixou uma promessa: “Procuraremos desenhar os apoios o mais céleres possíveis”.
Contudo, advertiu a ministra, “quem gere dinheiros públicos tem de acautelar a legalidade desses apoios” e para isso é necessário, não só fazer o levantamento dos danos, como “ter uma máquina já oleada” para fazer com que os pagamentos cheguem a quem deles precisa.
E o timing para Mariana Vieira da Silva é curto: “Aquilo que combinámos na semana passada [na reunião de sexta-feira] era que, se fosse possível os municípios terem até ao fim deste ano a recolha dos danos, de imediato teríamos o relatório para que o Conselho de Ministros pudesse tomar decisões”.
A “totalidade dos danos” faz com que seja impossível precisar um prazo concreto para a atribuição dos apoios, completou a ministra.
Durante a manhã, a ‘número dois’ na orgânica do Governo de António Costa visitou os locais mais afetados pelo mau tempo da última semana no concelho de Loures.
Pequenos estabelecimentos comerciais, locais de derrocadas, vias que na terça-feira estavam intransitáveis, mas onde hoje apenas restam a lama e o que enxurrada trouxe, e até casas que ficaram inundadas e onde os moradores ainda fazem contas à vida.
Para estes últimos, a ministra da Presidência trouxe uma palavra de solidariedade e abraços, que distribuiu às pessoas que lhe relataram como foi ver a água entrar em casa e com o que se depararam quando a chuva acalmou.
Na Rua Sacadura Cabral, o abraço foi casa sim, casa sim. “A ministra aqui… Quem diria”, disse uma moradora para outra, enquanto viam Mariana Vieira da Silva passar em frente a um cabeleireiro que tinha o chão coberto de lama e que para a proprietária, nem com apoios do Estado sabia se conseguiria recompor o que tinha construído e que a água levou num instante.
Loures é um concelho socialista, recuperado à CDU e a Bernardino Soares nas eleições autárquicas de 2021. A ministra socialista foi questionada sobre a escolha deste município e não outros igualmente afetados, como Lisboa ou Oeiras, liderados pelo sociais-democratas Carlos Moedas e Isaltino Morais.
Mariana Vieira da Silva desvalorizou a escolha de um município em detrimento de outros e limitou-se a responder que “entre visitar brevemente muitos municípios ou conhecer um em profundidade”, escolheu o último.
A chuva intensa e persistente que caiu na terça-feira causou mais de 3.000 ocorrências, entre alagamentos, inundações, quedas de árvores e cortes de estradas, afetando sobretudo os distritos de Lisboa, Setúbal, Portalegre e Santarém.
No total, há registo de 83 desalojados, segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), e o mau tempo levou também ao corte e condicionamento de estradas e linhas ferroviárias, que têm vindo a ser restabelecidas.
Na zona de Lisboa a intempérie causou condicionamentos de trânsito nos acessos à cidade, situação que está regularizada na maior parte dos casos. Em Campo Maior, no distrito de Portalegre, a zona baixa da vila ficou alagada e várias casas foram inundadas, algumas com água até ao teto, segundo a Câmara Municipal.
Segundo a ANEPC, estão “cinco planos municipais de emergência ativos”, quatro no distrito de Portalegre e um em Santarém, mantendo-se em estado de alerta amarelo os planos especiais de emergência para as bacias dos rios Tejo e Douro devido ao risco de cheias.