Miguel Correia, Ideias do Futuro: “O nosso objectivo foi não implementar em Djibloho um modelo europeu



O ateliê português IDF – Ideias do Futuro esteve recentemente em destaque pelo projecto de desenvolvimento da futura capital da Guiné Equatorial, Djibloho, uma cidade que terá 160 mil habitantes e uma área de 8150 hectares.

O fundador da empresa de arquitectura e urbanismo, Miguel Correia, falou com o Green Savers e explicou o projecto detalhadamente. E para quem ainda tem dúvidas da dimensão deste trabalho, aqui ficam dois números impressionantes. O investimento total do Governo da Guiné Equatorial, neste projecto, é de €200 mil milhões (R$ 482 mil milhões), e a cidade deverá demorar entre 15 a 20 anos a ser construída.

Recorde o projecto.

Como surgiu a oportunidade de entrarem no projecto de desenhar Dijbloho? Ganharam algum concurso?

A oportunidade surgiu de um convite que o governo da Guiné Equatorial lançou a várias entidades, entre elas a IDF – Ideias do Futuro. No final foram articulados dois dos conceitos apresentados para a construção da nova capital, trabalho que já se iniciou.

Quais os próximos passos do projecto? O vosso trabalho já terminou?

O trabalho de criar um conceito, uma visão, para o desenvolvimento urbano está concluído. Aguardamos agora novas instruções do governo da Guiné Equatorial.

Quanto vai custar, no total, esta cidade?

O custo estimado é de €200 mil milhões (R$ 482 mil milhões).

Quando começarão as obras e, mais tarde, será inaugurada a cidade?

As obras já tiveram início, os acessos estão a ser construídos, bem como alguns edifícios que se encontram dentro do zonamento definido pelo conceito. Em relação à inauguração, é difícil prever, mas estima-se que as obras deverão demorar entre 15 a 20 anos.

Quais as principais dificuldades encontradas na construção deste projecto?

Para o desenvolvimento do conceito do plano tivemos o apoio de todo os intervenientes. As maiores dificuldades deverão acontecer agora, com a construção propriamente dita. Calculamos ser difícil que o conceito original seja atingido na sua plenitude, dada a sua escala, complexidade e natureza.

O que vos foi pedido quando arrancaram para este trabalho?

A principal ideia que nos foi transmitida directamente pelo presidente foi a de criar uma cidade africana. Isto quer dizer que o objectivo foi o de não descurar a cultura e tradições locais implementando um modelo europeu. As reuniões de trabalho que realizámos no local foram extremamente importantes para corresponder a este desejo.

Quantas pessoas estiveram associadas a este projecto, por parte da Ideias do Futuro?

Este trabalho envolveu uma imensa equipa. Da nossa empresa estiveram envolvidas uma equipa de Urbanismo, uma equipa de Arquitectura, uma equipa de Arquitectura Paisagista, uma equipa de Modulação 3D e uma equipa de Design. Contudo, tivemos igualmente o apoio de empresas que consultámos. No total deverão ter estado envolvidas entre 50 a 60 pessoas.

A Ideias do Futuro já tem alguns anos. Terá sido este o vosso projecto mais ambicioso de sempre?

Com certeza um dos mais ambiciosos, [devido ao] facto de existirem um pequeno número de capitais modernas construídas de raiz. [Isto] torna este projecto único. Contudo, na história da IDF – Ideias do Futuro, outros trabalhos marcaram o seu percurso e permitiram a sua evolução, o que os torna igualmente muito especiais para mim.

Como está a sustentabilidade a mudar a forma como as consultoras e ateliês de arquitectura estão a trabalhar?

Assumo que os ateliês têm a obrigação de adoptar uma atitude pedagógica no sentido de promover e incentivar o uso de técnicas e tecnologias que apoiem a sustentabilidade, tanto na micro escala como na macro escala.

Notam um aumento do pedido de trabalhos relacionados com a sustentabilidade e desenvolvimento sustentável?

Hoje em dia, todos os projectos deverão abordar estas questões como prioritárias. O grau de profundidade com que é possível incluir medidas que suportem um desenvolvimento sustentável é que poderá ser variável.

A Ideias do Futuro está a sentir a crise? Quais as vossas perspectivas, em termos de projectos a desenvolver e trabalhar, para 2012?
Sim, é impossível que haja alguma empresa nesta área que não esteja a senti-la. Contudo, na IDF – Ideias do Futuro, esta crise sente-se apenas na contracção nos recebimentos já que, ao nível dos trabalhos que estamos a angariar, é visível um aumento das solicitações. Esperamos que estes novos projectos possam vir a ser concretizados durante o ano de 2012.





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