Milhares protestaram no fim de semana em França contra projeto de lei agrícola



Cerca de mil pessoas concentraram-se ontem em Paris e à volta de 10.000 manifestaram-se durante o fim de semana em todo o país contra um projeto de lei agrícola, segundo o Coletivo Nourrir, na origem do apelo à mobilização.

O Nourrir reúne dezenas de organizações não-governamentais ambientais, como a Greenpeace, o WWF e a Générations Futures, mas agricultores e cientistas estiveram também entre os que exigiram em 60 cidades francesas a revogação do projeto de lei que visa “suspender restrições impostas aos agricultores” e cuja análise no parlamento está prevista para segunda-feira.

Uma comissão mista, composta por sete senadores e sete deputados, terá a tarefa de encontrar um texto de compromisso, depois de uma rejeição tática que visava contornar uma série de emendas de ambientalistas e da extrema-esquerda, segundo a agência France Presse.

“Aprovar esta lei é um golpe antidemocrático, que representa um retrocesso radical” tanto para o ambiente como para a saúde pública, além de “negar os factos científicos sobre os perigos dos pesticidas”, declarou a comissão do grupo Rebelião dos Cientistas, na concentração no centro da capital de França.

O projeto de lei do senador Laurent Duplomb prevê a reintrodução do pesticida acetamiprida (um neonicotinóide altamente tóxico, particularmente para polinizadores e ambientes naturais), medidas que facilitem o armazenamento de água e a expansão das explorações de criação intensiva de gado, assim como uma redefinição do trabalho da Agência Francesa de Segurança Alimentar, Ambiental e do Trabalho (ANSES).

Em Le Puy-en-Velay (centro-leste de França), bastião do senador Duplomb, e em Pau (sudoeste de França), cidade natal do primeiro-ministro, François Bayrou, também ocorreram protestos.

O presidente da Liga para a Proteção das Aves (LPO), Allain Bougrain-Dubourg, declarou em Paris que “esta é uma lei irresponsável”.

Enquanto um representante da France Nature Environnement (FNE) pediu “a rejeição total do projeto de lei”.

“Senhoras e senhores do parlamento unam-se. A vossa responsabilidade é proteger a população francesa, não os interesses de alguns”, disse.

As ONG já se declararam prontas para “ir a tribunal” caso a lei seja promulgada e para segunda-feira está previsto um banquete de agricultores perto do Senado.






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