Mirandela tem projeto para ensinar juntas de freguesia a ler as análises da água



A Câmara Municipal de Mirandela, distrito de Bragança, vai lançar um projeto-piloto para ensinar os presidentes de junta a interpretar os boletins de análise da água de consumo.

A informação foi avançada pela autarca Júlia Rodrigues, no final de uma reunião com as juntas de freguesia, que considerou ser “uma oportunidade de melhoria” no sistema de abastecimento, depois da suspensão do funcionamento do laboratório que analisava a água vários municípios transmontanos.

A presidente socialista explicou que “há determinados parâmetros que têm que estar entre determinados limites”, sobre os quais nem as juntas de freguesia nem a população estão informados.

“É um projeto em parceira com a delegação de saúde, em que há uma explicação daquilo que é uma interpretação analítica, (…) em que é dito o que está a acontecer em determinadas situações e quais as utilizações da água segundo aquele resultado”, explicou no centro cultural Júlia Rodrigues, avançando que as sessões vão começar logo que esteja acordado entra as freguesias a delegação de saúde: “quanto mais cedo, melhor”.

À saída da reunião, Luísa Deimãos, presidente da junta de freguesia de Suçães, e anexas Eixes e Pai Torto, partilhava ter “muitas dúvidas” e falta conhecimentos técnicos para “defender as populações”.

“(…)Não sou licenciada em microbiologia nem sou química. Quando nos mandam editais só com dados técnicos, não sei o que hei de dizer às populações”, contou aos jornalistas, explicando que as análises de duas das aldeias da freguesia apresentaram inconformidades.

Nessas localidades, estão a ser feitas contra-análises, mas “não é um risco para a saúde pública”, segundo foi informado a Luísa Deimãos.

A aldeia de Abreiro, com cerca de 100 habitantes, tem “água castanha”, principalmente nas casas onde termina a linha de abastecimento. O problema tem pelo menos uma década, mas piorou nos últimos quatro anos, segundo a presidente de junta, Ilda Fernandes. Disse ainda que estão também a ser feitas mais análises.

“As pessoas estão cansadas disto. Porque tiram água, passa no contador e têm que pagar. (…) Disseram para ficarmos um pouco mais descansados, mas eu não fiquei. Para beber água, bebo do garrafão. E as pessoas estão a fazer o mesmo”, frisou Ilda Fernandes.

Depois da operação ‘Gota d’água’ da Polícia Judiciária, o Laboratório Regional de Trás-os-Montes, que analisava a água em vários municípios da região, passou a ser suspeito da falsificação de análises de água para consumo humano e foi suspenso. Júlia Rodrigues reforçou que já foi contratualizado um novo laboratório certificado e que já foram já feitas novas análises.

“É seguro beber água. Sempre que há uma não-conformidade, é analisada pela saúde pública. Existindo essa situação, obviamente cessa o abastecimento naquele local e é feito por cisterna em camião”, salientando que, neste momento, não há reporte de casos.

Sobre Abreiro, Júlia Rodrigues reproduziu a explicação do delegado de saúde, que indicava que a coloração da água pode dever-se níveis de ferro “superiores aos ditos normais”.

“Temos feito um trabalho de diagnóstico para ver o que se está a passar, com a limpeza do reservatório e de condutas, para saber onde está o problema”, detalhou Júlia Rodrigues.

A presidente da câmara mirandelense sublinhou ainda que as canalizações são muito antigas.

“Temos feito um esforço muito grande para criar novas redes e colocar materiais mais recentes. Mas temos uma área muito grande e uma densidade populacional muito baixa”, salientou Júlia Rodrigues, afirmando que a solução para a eficiência hídrica e o investimento em captações próprias pode passar por fundos do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos.

A câmara municipal de Mirandela tem 30 freguesias. É a responsável pelo abastecimento de grande maioria, através de captações próprias e sistemas de abastecimento em alta pela empresa Águas do Norte.





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