Moçambique compra 390 autocarros incluindo a gás para reforçar transporte urbano e rural



O Governo moçambicano pretende adquirir 390 autocarros para reforçar o transporte público urbano e rural no país, sendo perto de metade movidos a gás natural, segundo informação do concurso público consultado hoje pela Lusa.

O concurso público lançado pelo Fundo de Desenvolvimento dos Transportes e Comunicações (FTC), aberto até 25 de março, estabelece o fornecimento de autocarros para o transporte urbano e de veículos mistos típicos para o transporte rural, por lotes.

O primeiro lote envolve a aquisição de 100 autocarros de grande porte, movidos a Gás Natural Veicular (GNV), para a Área Metropolitana de Maputo, e o segundo lote prevê a compra de 50 autocarros de médio porte, igualmente a GNV para a metrópole da capital moçambicana.

O terceiro lote prevê 100 autocarros de médio porte movidos a diesel “destinados às províncias”, o quarto lote mais 100 “veículos típicos para transporte público nas zonas rurais” e o quinto lote 40 autocarros para transporte de funcionários das instituições públicas do país.

Na informação do concurso público o FTC explica que na “promoção do equilíbrio entre crescimento demográfico e ○ investimento no desenvolvimento humano”, ○ Governo moçambicano considera ○ transporte público urbano e rural de passageiros como um fator crucial para ○ desenvolvimento socioeconómico, pela “contribuição para a produtividade e melhoria de qualidade de vida”.

O Governo moçambicano assumiu no ano passado que pretende iniciar na área metropolitana de Maputo, até 2030, a descarbonização dos transportes, apostando em veículos a gás e elétricos, segundo a Estratégia de Transição Energética (ETS), noticiado então pela Lusa.

No documento do executivo é recordado que Moçambique “depende fortemente de combustíveis importados” para abastecer o setor dos transportes, com “impacto negativo na balança de pagamentos”, expondo o país “às flutuações cambiais e de preços”, além de emissões de dióxido de carbono.

“Em 2020, 100% do gasóleo e da gasolina utilizados nos transportes foram importados, resultando num custo de 482 milhões de dólares [449 milhões de euros], o que equivale a 8% das importações desse ano e a 3% do PIB. O setor de transportes é responsável por 84% do consumo doméstico de combustíveis fósseis”, explica.

A nova estratégia, que prevê investimentos de cerca de 80 mil milhões de dólares (76 mil milhões de euros) até 2050, prevê, num dos seus planos, para o transporte urbano, “a transição para modos de transporte público” em áreas metropolitanas, incluindo transporte de massa, como metro de superfície, sistemas ferroviários suspensos e autocarros rápidos (BRT), começando pela área metropolitana de Maputo.

“A curto e médio prazo, o gás natural comprimido será utilizado como combustível de transição, à medida que os sistemas e os volumes mudam gradualmente para modos renováveis alimentados pela rede. No transporte rodoviário, a transição do gasóleo/gasolina no transporte privado de passageiros e mercadorias implica uma transição para biocombustíveis (como combustíveis de transição) e veículos elétricos”, lê-se ainda.

A descarbonização do transporte urbano arrancará até 2030 em Maputo, “com a introdução do BRT e outros transportes públicos de massa, e com 15% dos transportes públicos utilizando fontes de energia mais limpas, em vez de diesel”. Entre 2030 e 2040 “este valor subirá para 50% do transporte público urbano de passageiros na zona metropolitana de Maputo, enquanto a quota no norte/centro sobe para 15% e 7,5% nos restantes centros urbanos do sul do país”.

A descarbonização do transporte rodoviário, com a transição para viaturas elétricas, “terá início em 2030, com 1% do transporte rodoviário privado e 5% do transporte rodoviário de mercadorias” que vão passar a ser “alimentados pela rede” elétrica.

A taxa de penetração combinada dos veículos elétricos e dos veículos a gás natural “atingirá 3% para o transporte rodoviário privado e 1% para o transporte rodoviário de mercadorias” até 2040, na previsão do Governo nesta estratégia.





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