Moçambique lança projeto para resiliência climática avaliado em 27 ME
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O Governo moçambicano lançou hoje o Projeto Link, avaliado em 28 milhões de dólares (27 milhões de euros), para fortalecer a resiliência às mudanças climáticas de mais de 415 mil pessoas de três províncias de Moçambique.
“O Projeto Link é mais um que se junta ao Governo para, com estes cerca de 28 milhões de dólares, nos quais cinco milhões participa o Governo moçambicano, implementar atividades com ações concretas de apicultura, pecuária e agricultura e outras atividades que vão garantir que o impacto das mudanças climáticas seja minimizado e as comunidades possam continuar a garantir o seu desenvolvimento e bem-estar”, disse à comunicação social Emília Fumo, secretária permanente do Ministério da Agricultura, Ambiente e Pescas, à margem da cerimónia de lançamento do projeto, em Maputo.
O projeto resulta de uma parceria entre a Save The Children Internacional e aquele ministério, devendo ser implementado, num período de cinco anos, em nove distritos das províncias de Manica e Tete, no centro de Moçambique, e em Gaza, no sul do país.
Mais de 415 mil pessoas serão diretamente beneficiadas pelo projeto e outras 933 mil serão alcançadas indiretamente, disse Carla Landeiro, diretora do Projeto Link, referindo que as ações a serem implementadas visam preparar as comunidades vulneráveis a enfrentarem e a se adaptarem aos impactos climáticos.
O conceito essencial do projeto é “casar” ações de combate às mudanças climáticas nas zonas áridas e semiáridas de Moçambique e os mecanismos de proteção social, acrescentou Clara Landeiro.
“Não é dar o peixe, é dar o anzol e isto vai ajudar também a criar atividades que depois geram renda para fazer sair da pobreza aqueles que agora estão em piores condições (…). Muita dessa ação é dirigida a famílias que são lideradas por mulheres e muitas delas até por crianças ou pessoas incapacitadas”, disse Clara Landeiro.
O Projeto Link visa promover “soluções práticas e inclusivas” para o fortalecimento da capacidade de adaptação das comunidades às secas e outros impactos climáticos, promovendo, consequentemente, um “futuro mais resiliente” para as populações mais vulneráveis de Moçambique, protegendo também os recursos naturais e garantindo a sustentabilidade económica e ambiental do país.
“Juntos podemos fortalecer as famílias, proteger as crianças, apoiar as famílias e as comunidades na construção de soluções duradouras e sustentáveis”, disse Ilária Manunza, diretora da Save The Children em Moçambique.
Ilária Manunza considera “complexa” a situação das mudanças climáticas em Moçambique, que afeta maioritariamente mulheres e crianças, referindo, por isso, que é preciso que todos se ajustem para melhor se “adaptar, responder e conviver” com as alterações do clima.
Moçambique está em plena época chuvosa, que decorre entre outubro e abril, período em que foram já registados os ciclones Chido e Dikeledi, que afetaram o norte do país.
Os ciclones atingiram Moçambique entre dezembro do ano passado e janeiro último, com maior impacto para as províncias de Cabo Delgado e Nampula, tendo afetado cerca de 736.000 pessoas e causado a destruição de infraestruturas públicas e privadas.
Eventos extremos, como ciclones e tempestades, provocaram pelo menos 1.016 mortos em Moçambique entre 2019 e 2023, afetando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) noticiados anteriormente pela Lusa.
O país africano é considerado um dos mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, mas também períodos prolongados de seca severa.