Moçambique quer entrar na produção de hidrogénio e ser líder na África austral até 2030



O Governo moçambicano estabeleceu a meta de colocar o país entre os líderes na produção de hidrogénio na África austral até 2030, no âmbito da Estratégia de Transição Energética (ETS), a que a Lusa teve hoje acesso.

“Moçambique tem um grande potencial para desenvolver uma indústria de hidrogénio devido aos seus recursos abundantes. O país possui recursos abundantes de energia hidroelétrica, gás natural, solar e eólica, que podem apoiar a produção de todos os tipos de hidrogénio, especialmente hidrogénio verde”, começa por se apontar no documento, no qual se dedica um programa específico a esta produção.

“Além disso, a energia gerada a partir destas fontes pode ser acedida a um custo relativamente baixo, tornando o hidrogénio produzido em Moçambique mais competitivo nos mercados internacionais”, sublinha-se ainda.

Daí que a meta definida na ETS, que globalmente prevê investimentos de cerca de 80 mil milhões de dólares (73 mil milhões de euros) até 2050, seja clara: “Posicionar o país como um dos primeiros e líderes produtores de hidrogénio na África austral até 2030”.

O primeiro passo definido na denominada “estratégia do hidrogénio” passa por desenvolver, ainda este ano, “um plano abrangente de desenvolvimento do setor com base numa análise aprofundada”, admitindo o Governo que “será necessário decidir sobre a escala de produção de hidrogénio prevista, bem como os principais mercados, considerando que o hidrogénio produzido será maioritariamente exportado”.

“Será definido o papel que o hidrogénio desempenhará na descarbonização da economia moçambicana, dada a sua capacidade de viabilizar soluções de transporte e industriais com menores emissões, bem como menores custos”, aponta-se.

Moçambique quer estabelecer em 2024 os objetivos “relativamente à produção e consumo de hidrogénio”, bem como as medidas necessárias para alcançar essas metas, “incluindo o desenvolvimento de infraestruturas de hidrogénio”.

Essa estratégia “identificará também as principais partes interessadas e parceiros”, bem como “as condições para um ambiente de investimento favorável” no setor, pode ler-se no documento.

O ETS define desde já a necessidade do desenvolvimento de instalações de produção, instalações de armazenamento e redes de transporte: “Moçambique trabalhará em estreita colaboração com parceiros nacionais e internacionais para completar esta fase”.

O Governo também prevê “estabelecer parcerias regionais”, com os países da África austral, “para uma economia regional do hidrogénio, reduzindo os custos de desenvolvimento de infraestruturas de hidrogénio e criando um amplo mercado para produtos e serviços de hidrogénio”.

O Ministério dos Recursos Minerais e Energia de Moçambique anunciou em 27 de novembro investimentos de 80 mil milhões de dólares (73 mil milhões de euros) na Estratégia de Transição Energética, a implementar até 2050.

No período 2024 a 2030, o Governo moçambicano prevê adicionar 3,5 GigaWatts (GW) de nova capacidade hidroelétrica através da modernização das centrais existentes e da conclusão do projeto hidroelétrico Mphanda Nkuwa.

Vai também “expandir e modernizar a rede nacional” para “absorver o aumento da geração renovável”, bem como “impulsionar a energia solar e eólica” através de um programa de leilões de energia renovável e avnaçar na construção de “parques industriais verdes e corredores habilitados por energia limpa confiável e acessível”.





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