Modelo adolescente anoréctica expõe indústria da moda (com FOTOS)



Georgina Wilkin não comia nada há dias quando se sentiu tão mal que quase desmaiou numa viagem de metro, no centro de Londres, quando ia ter com o seu agente de moda. À chegada, no entanto, este mostrou-se encantado: “O que quer que estejas a fazer, continua”. A jovem passou os sete anos seguintes a lutar contra a anorexia, chegando a um ponto em que o coração e os rins lhe começaram a falhar.

Felizmente, Georgina, hoje com 23 anos, sobreviveu e expõe agora a indústria da moda. “Toda a gente deveria saber a pressão que é colocada sobre as modelos”, defende ela, ao mesmo tempo que acredita que a única forma de impedir os distúrbios alimentares é fazendo os clientes boicotarem os rótulos de magreza atribuídos a estes profissionais.

Georgina entrou no mundo da moda aos 15 anos, quando foi abordada por um olheiro em Oxford Street, Londres. A primeira visita à agência correu lindamente, mas a segunda já revelou um pouco do lado traiçoeiro da indústria. “Tiraram-me fotos Polaroid, para ver se era fotogénica, e depois mediram cada centímetro de mim até às pontas dos meus dedos”, disse ela. “Rapidamente percebi que o meu corpo era apenas um produto para as pessoas analisarem e criticarem.”

Foi-lhe apresentada uma proposta para trabalhar como modelo durante alguns meses em Tóquio, mas apenas se perdesse peso – essa tornou-se, portanto, a sua missão. Os legumes passaram a ser o único alimento que se permitia comer, sendo que chegava a passar dois dias sem se alimentar.

Se no início da carreira pesava 55 kg, chegou a uma altura em que caiu para os 32 kg, o que releva bem a gravidade do seu estado. E sempre que era medida e fotografada na agência, diziam-lhe que precisava de perder ainda mais peso.

Georgina acabou por viajar, apenas com 16 anos, sozinha para o Japão, onde se alimentava de bebidas energéticas. Aos pais, com quem falava por telefone uma vez por semana, mentia, dizendo que se estava a alimentar de forma saudável. Foi apenas quando a mãe e o irmão a visitaram que perceberam o estado de magreza que tinha atingido.

De regresso a Londres, continuou a trabalhar como modelo – e a não se alimentar. Mas foi só no Verão de 2007 que os pais a conseguiram convencer a ir ao médico, que imediatamente a encaminhou para o hospital, onde passou cinco meses em tratamento, com o diagnóstico de anorexia. Os seus órgãos vitais estavam sob tal tensão que o coração e os rins corriam mesmo o risco de parar de funcionar.

Saída do hospital, entrou para uma nova agência, mesmo contra a opinião dos pais, convencida de que estava curada. Continuou a trabalhar até 2009, altura em que abandonou de vez o mundo da moda. E ainda hoje recebe acompanhamento médico.

Georgina considera-se privilegiada por ter sobrevivido e irrita-se por ver modelos suas conhecidas em risco, devido a transtornos alimentares. “A maioria das marcas de alta-costura usam raparigas anorécticas nas suas campanhas e a única forma de isto parar é não comprando os seus produtos”, defende a jovem.

Foto: Sob licença Creative Commons





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