Mónaco regressa às expedições oceanográficas



O navio de investigação oceanográfica “Yersin” zarpou ontem, dia 27 de Julho, do Port Hercules, no Mónaco, para realizar uma viagem de circum-navegação de três anos, com objectivos científicos.

A sua missão integra as ‘Monaco Explorations’, uma iniciativa patrocinada pelo principado do Mónaco que prevê uma grande expedição oceanográfica a bordo deste navio, entre 2017 e 2020. A ideia é dar continuidade à longa tradição de exploração marítima do principado, bem como sua influência na política e políticas de conservação do mar. A campanha fornece uma plataforma de pesquisa para dezenas de cientistas em todo o mundo e visa aumentar a consciencialização pública sobre os resultados da pesquisa, bem como sobre as muitas ameaças enfrentadas hoje pelos mares.

As ‘Monaco Explorations’ prestam também homenagem ao bisavô do Príncipe Alberto II do Mónaco, actual chefe de Estado monegasco e um dos principais impulsionadores desta expedição. Alberto I era um entusiasta da investigação oceanográfica e realizou várias expedições nos mares da Madeira, entre 1885 e 1915, tendo sido ‘pai’ da oceanografia moderna e o fundador do Instituto Oceanográfico e do Oceanographic Museum of Monaco.

“As decisões que temos de fazer para o futuro do nosso planeta baseiam-se no conhecimento. Ao regressar às explorações científicas no mar, iremos fornecer novos elementos concretos, mensagens de alerta, consciencialização e educação”, disse o príncipe em comunicado oficial da ‘Monaco Explorations’, reforçando a ideia de que existe uma grande necessidade de melhorar a relação entre as pessoas e o mar e fortalecer as ferramentas de gestão e desenvolvimento sustentável.

A viagem inaugural que agora se iniciou desenvolve-se na região da Macaronésia, e a primeira escala vai realizar-se precisamente na Madeira. Pierre Gilles, chefe da missão, anunciou que “a Madeira é um ponto forte da expedição” e que o principal motivo de interesse é o lobo marinho (Monachus monachus) das ilhas Desertas. De resto, a missão incidirá no conhecimento e na protecção da megafauna, incluindo espécies ameaçadas: tartarugas, cetáceos, focas monge e tubarões. Os investigadores observarão a biodiversidade ainda pouco conhecida em grande profundidade e sua sensibilidade ao aquecimento global. 

“Haverá observações específicas de espécies ameaçadas de extinção, como a foca-monge nos Açores, ou, inversamente, espécies invasoras como o peixe-leão no Caribe ou Sargassum algas”, explica o professor Patrick Rampal, que dirige o Centre Scientifique de Monaco.

Propondo-se a fazer uma viagem de circum-navegação de três anos, o navio segue para Cabo Verde, Martinica, Galápagos, Polinésia (em Julho/Agosto de 2018), Nova Caledónia, Triângulo de Coral, na Ásia (Março/Abril de 2019), Seychelles e Maldivas (Dezembro de 2019), Omã, Goldo Persico, Mar Negro, Mediterrâneo, estando de regresso ao Mónaco em 2020 após um total de nove etapas.

yersin

O “Yersin”, baptizado com o nome de um médico do Instituto Pasteur, é um “navio limpo”, versátil e modular, capaz de viajar no mar durante 50 dias de forma autónoma e 10 dias fazendo zero descargas. Segundo o seu proprietário, o empresário François Fiat, “este navio excede os requisitos regulamentares internacionais para limitar seu impacto no meio marinho” e tem capacidade para acomodar equipas científicas de 18 membros, mais tripulação. Através de uma abordagem multidisciplinar que reúne os melhores especialistas em ciências naturais e humanas, esta será uma campanha ambiciosa, integrando as últimas tecnologias disponíveis para apoiar o trabalho de cientistas marinhos em todo o mundo e para construir uma nova visão para o oceano.

Ao liderar as ‘Monaco Explorations’, o príncipe Alberto II pretende envolver decisores políticos e económicos de todo o mundo, transmitindo a mensagem sobre a necessidade urgente de salvar o oceano às mais altas autoridades e ao público em geral.

Foto: Monaco Explorations

 

 





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