Montalegre quer revitalizar o cultivo de centeio e os fornos tradicionais



Montalegre quer revitalizar a produção de centeio, um cereal cada vez mais valorizado devido à escassez no mercado, no âmbito de um projeto que inclui a requalificação de fornos antigos, disse ontem a presidente da câmara.

Fátima Fernandes explicou que foi já feita uma sementeira com centeio tradicional na Quinta da Veiga, numa parceria com a Cooperativa Agrícola do Barroso (CoopBarroso), com vista à produção de semente biológica.

Segundo informações já divulgadas pela autarquia do norte do distrito de Vila Real, em dois hectares de terreno naquela quinta, a CoopBarroso iniciou em novembro a produção de centeio, adquirido aos agricultores do concelho, com vista à certificação biológica.

O município adiantou que os “700 quilos semeados devem render, em julho próximo, perto de quatro toneladas”.

E, dentro de dois anos, acrescentou, pretende-se ter semente suficiente para replicar a quem queira aderir a este projeto apoiado pela Câmara de Montalegre.

O objetivo, para além do fomento da economia local, passa pelo incentivo à produção de uma semente que não pede grande exigência e que tem procura no mercado.

O município quer “dar nota aos agricultores que tem aqui mais uma fonte de rendimento”, sabendo-se que, atualmente, “o centeio é um cereal muito procurado e valorizado, principalmente aquele que é de produção biológica”.

Os cereais, que têm uma grande importância na dieta alimentar em Portugal, têm registado uma acentuada diminuição de produção nas últimas décadas.

As estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE), reveladas em dezembro, apontam para uma diminuição em volume (-3,8%) na produção de cereais em 2023, em resultado de decréscimos em todos os cereais, à exceção do milho e arroz, devido às condições meteorológicas adversas.

Segundo o INE, a campanha cerealífera “foi bastante negativa, tendo os preços registado uma diminuição significativa (-23,7%), onde se destaca o trigo, a cevada e o milho, em consonância com a diminuição dos preços registada nos mercados internacionais, após o período de escassez de cereais (com preços elevados) na sequência da guerra na Ucrânia”.

“É uma produção fácil e, além do mais, interage muito bem com a produção de batata, porque habitualmente, e tradicionalmente, aquilo que acontecia é que nos terrenos onde havia onde era semeado o centeio, depois eram trabalhados para aí plantar as batatas”, explicou a autarca.

Fátima Fernandes recordou que o concelho de Montalegre já “foi um grande celeiro, principalmente de centeio”, e que ali ainda é produzido um “pão de excelência”

“E, portanto, porque não apostar desde a sementeira até depois ao pão e produto final, passando por todas as etapas, a semente a apanha, a debulha? (…) Temos que revitalizar as nossas eiras para se perceber como é que se fazia antigamente e depois os fornos”, salientou.

A sementeira está, especificou, inserida num projeto maior que quer dinamizar todo o território e cujo objetivo passa, também, pela requalificação de alguns fornos do Barroso, colocando-os a trabalhar, a produzir o pão e, desse modo, fazendo roteiros culturais e gastronómicos.

“É uma aposta que está perfeitamente enquadrada no Património Agrícola Mundial”, salientou.





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