Montenegro acusa Governo de estar de “costas voltadas” para os agricultores
O presidente do PSD, Luís Montenegro, acusou ontem o Governo de estar “de costas voltadas” para os agricultores, defendendo que o setor tem de ser uma “prioridade estratégia para o país”.
“No diálogo com agricultores percebe-se o quanto a tutela do ministério e a liderança política do governo está distante da realidade e dos que ainda resistem em Portugal em ocupar o território e dinamizar a atividade agrícola”, sustentou o líder social-democrata no final de uma reunião na cooperativa leiteira Agros, na Póvoa de Varzim, distrito do Porto.
Na visita, inserida no programa do partido “Sentir Portugal”, o dirigente do PSD esteve quase duas horas reunido com produtores de uma da maiores bacias leiteiras do país, anotando as dificuldades sentidas pelo setor.
“A agricultura, a pecuária e a floresta são uma prioridade estratégia para o desenvolvimento do país, não só porque reforçam a nossa soberania alimentar como também porque têm efetiva concretização nas oportunidades de emprego, na ocupação territorial e fixação dos mais jovens. Mas o ministério e o governo estão de costas voltadas para este setor”, acusou Luís Montenegro.
Nas críticas ao executivo do PS, o líder do maior partido da oposição voltou a abordar o tema do Orçamento do Estado para 2024, deixando implícito o voto contra do PSD ao documento, mas sem o anunciar diretamente.
“Teremos jornadas parlamentares na segunda e terça-feira e anunciaremos, então, o nosso sentido de voto, mas, sendo direto e sem rodeios, não vamos surpreender o país com a nossa posição”, afirmou.
Luís Montenegro reiterou que o governo apresentou um orçamento “com grande pompa e quadros bem feitos, mas com o mesmo resultado no final”, analisando que nos últimos oito anos de governação do PS “tudo o que é essencial para as pessoas, está pior do que estava”.
“O PSD tinha sido muito mais ambicioso na amplitude da diminuição do IRS. Ao acabar no quinto escalão, o governo está a dizer ao país que quem ganha 900 ou 1000 euros em Portugal é uma pessoa rica. Isso é um absurdo social e uma visão tacanha da sociedade”, argumentou.
Na opinião do líder social-democratas, “a classe média abarca todos até ao oitavo escalão, entre 1.200 e 2.000 euros líquidos por mês”, considerando que essa remuneração “não é uma fortuna para quem tem de alimentar uma família e tem despesas com habitação deslocação ou energia”.
“É um rendimento limitado, sobretudo em algumas zonas do país. O Governo devia assumir que vamos bater o recorde de carga e receita fiscal e devemos questionar se as famílias depois de darem tanto do seu rendimento ao Estado têm, depois, um retorno nos serviços públicos”, disse.