Morcegos: alterações climáticas estão a levar ao crescimento da população feminina
A vaga de calor que, desde Março último, invadiu o território norte-americano está a levar ao crescimento da população feminina de morcegos, de acordo com um estudo publicado pelo pesquisador Robert Barclay.
Segundo o estudo, a Primavera antecipada levou a população de morcegos a produzir dois ou mais bebés do sexo feminino. Os cientistas acreditam que os morcegos do sexo feminino têm mais possibilidades de sobreviver e reproduzirem-se um ano depois, ao contrário das crias nascidas mais tarde.
“Os morcegos do sexo feminino que nascem cedo podem reproduzir-se dentro de um ano, ao contrário dos outros”, explicou o professor do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade de Calgary, no Canadá.
“A selecção natural favorece mecanismos internos que resultam numa percentagem de sexos alterada, porque uma mãe que dê à luz uma filha deixa mais descendentes numa próxima geração que as mães que produzem um filho”, continua o investigador.
A duração da temporada de acasalamento tem impacto na percentagem de filhos do sexo feminino e masculino, assim como na altura que os descendentes do sexo feminino chegam à maturidade sexual.
Leia o estudo.
Segundo Barclay, alguns mamíferos e pássaros podem ajustar a percentagem de descendentes por sexo. “Até a percentagem de bebés humanos varia – há um estudo que demonstra que os bilionários têm mais filhos que filhas, por exemplo”.
O investigador analisou o Eptesicus Fuscus, um morcego comedor de insectos e que é muito comum na América do Norte.
“Nesta espécie, há mais ovos fertilizados e que darão origem a bebés, por isso há algum mecanismo pelo qual os embriões femininos são, preferencialmente, mantidos, e os masculinos são reabsorvidos cedo na gravidez”, continua o cientista, que admitiu ainda não saber qual a bioquímica que está por trás deste processo.