MOSAiC: a maior expedição científica no Ártico chegou ao fim

A maior expedição científica no Ártico, a MOSAiC, teve início a 20 de setembro de 2019. Ao longo de pouco mais de um ano, mais precisamente 389 dias, cerca de 442 investigadores de 20 nações diferentes estiveram a bordo do quebra-gelo Polarstern. A investigação teve a colaboração de 80 instituições e foi coordenada pelo Alfred Wegener Institute, Helmholtz Center for Polar and Marine Research (AWI).

Os cientistas estiveram a estudar as alterações climáticas no seu epicentro de forma a compreender melhor o clima atual, as suas mudanças que estão a ocorrer e que previsões se podem esperar futuramente. Segundo a Euronews, foram recolhidas mais de mil amostras de gelo que serão analisadas nos próximos dois anos.

Apesar de condições adversas como a pandemia de Covid-19 terem interrompido a expedição, a equipa conseguiu manter a investigação em curso e concluir as cinco etapas previstas. Ontem, dia 12 de outubro, o navio regressou ao porto de Bremerhaven, na Alemanha.

Contudo, os cientistas não trazem boas notícias, e vêm alertar para o que já era esperado: “Vimos como o gelo do Ártico está a morrer. O verão, mesmo no Pólo Norte, era caracterizado por um extenso derretimento e erosão. Se não fizermos esforços imediatos e abrangentes para combater o aquecimento climático, veremos em breve verões árticos sem gelo, que terão repercussões incalculáveis ​​no nosso próprio tempo e clima. Embora hoje o Ártico Central continue a ser uma paisagem fascinante e congelada no inverno, o gelo tem apenas metade da espessura que tinha à 40 anos atrás, e as temperaturas de inverno que encontrámos eram quase sempre dez graus mais altas do que as que Fridtjof Nansen experimentou na sua inovadora Expedição ao Ártico há mais de 125 anos”, explica Markus Rex, líder da expedição e do projeto MOSAiC.

Antje Boetius, Diretor do AWI, afirmou “Temos uma compreensão mais clara do que nunca da interação entre o gelo, o oceano e a atmosfera. O compromisso incomparável dos especialistas de todo o mundo permitiu-nos fazer esta descoberta científica de investigação do Ártico. Eles trouxeram de volta inúmeras amostras e dados abrangentes” explica, concluindo que “Agora é nossa responsabilidade usar o novo conhecimento adquirido para fazer as escolhas certas – para o futuro do Ártico e, com ele, o futuro de nosso planeta.”