Protestos reuniram centenas em Lisboa: Mundo rural promete falar a “uma só voz a partir de agora”



O protesto “Juntos pelo Mundo Rural”, que hoje reuniu algumas centenas de pessoas em Lisboa, demonstrou que o setor fala a “uma só voz a partir de agora”, realçou um dos organizadores.

Organizada pela Juntos Pelo Mundo Rural – Associação Ibérica de Defesa da Caça, Pesca, Tradições e Mundo Rural, a marcha, que começou na praça do Marquês de Pombal e terminou em frente à Assembleia da República, pretendeu juntar os diversos setores ligados ao mundo rural, que “estão a sofrer” com as “políticas proibicionistas” impostas pelo Governo, disse Luís de Gusmão.

Em declarações à Lusa, à chegada ao Parlamento, o presidente da associação ibérica destacou “o mar de gente”, que “veio de todos os pontos do país”.

Os manifestantes – de todas as idades e diversas geografias, a notar pelos sotaques – fizeram um protesto mais barulhento que palavroso – à conta de buzinas, cornetas, vuvuzelas e até búzios.

Seguiram, com distanciamento, grupo a grupo – juntos pela pesca, pela caça, pela tauromaquia, pela pecuária.

À passagem, fizeram assomar gente às varandas e interromperam momentaneamente o trânsito em várias artérias, até à Assembleia da República.

À passagem da Casa-Museu Amália Rodrigues ouviu-se um sonoro aplauso e um “viva” em memória da fadista.

Antes, tinha estourado um petardo, de imediato censurado. “Isso é que não…”, desabafou o elemento mais vocal da cabeça da manifestação, que desviou o assunto com mais um “viva o mundo rural” e espevitou os manifestantes: “como é, está tudo a dormir?”.

Cartazes com fotografias de cães de várias raças eram o adereço de muitos e numa das faixas podia ler-se: “Respeitem o nosso modo de vida, tradições e costumes.”

“A liberdade de gosto é para todos os portugueses. Todos temos direito de gostar de tauromaquia, todos temos direito de gostar de caça, todos temos direito de gostar de pesca”, reclamou Luís Gusmão.

“Os nossos agricultores têm de ser apoiados para poderem produzir. A agricultura é que sustenta Portugal. E temos sempre, todos os dias, nesta casa da democracia, políticas proibicionistas contra nós”, criticou, apontando para a Assembleia da República.

Em concreto, mencionou a proibição do tiro ao voo, “modalidade secular” que motivou a associação a apresentar “um processo-crime” contra os deputados do PAN.

“O PAN é um dos nossos alvos”, reconheceu o presidente da associação ibérica, garantindo, porém, que “todos os partidos” que “ataquem” qualquer setor do mundo rural receberão uma resposta conjunta.

“É um por todos, todos por um. É uma só voz a partir de agora”, prometeu, deixando no ar que “a próxima vez será muito, mas muito, diferente”: chegarão durante a semana, “sem data para regressar”.

Luís Gusmão referiu a presença de “vários deputados dos diversos partidos políticos” no protesto, que a Lusa não conseguiu verificar.

“Nós somos completamente apartidários e aplaudimos apenas políticas que sejam a favor do mundo rural”, sublinhou, rejeitando qualquer ligação ao Chega, partido inscrito na máscara de pelo menos um manifestante e na cabeça de outro, que perguntava: “Então e o Ventura, não vem cá hoje?”.

“Todas as pessoas que aqui estão são apartidárias, são livres de ter o seu partido, mas nunca, de forma alguma, tentem juntar o partido Chega a esta associação, porque isso não é verdade”, retorquiu Luís Gusmão.





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