Não cobrança de 30% da água da torneira gera perdas de €235 milhões para municípios e cidadãos



Os dados são divulgados hoje pela associação ambiental Zero– Associação Sistema Terrestre Sustentável, no âmbito do Dia Mundial da Água: cerca de 30% da água captada, tratada, transportada, armazenada e distribuída, ou seja cerca de 242 milhões de metros cúbicos/ano, não chega a ser facturada aos utilizadores. Segundo as estimativas da Zero, isto equivale a perdas económicas na ordem dos 235 milhões de euros/anos.

Depois de analisar os dados disponibilizados pela ERSAR – Entidade Reguladora da Água e dos Resíduos, através do RASARP – Relatório Anual dos Serviços de Água e Resíduos de Portugal de 2016 (relativo ao ano de 2015), a associação Zero lança este alerta para a opinião pública, uma vez que segundo esta organização “há ainda muito a fazer para melhorar a eficiência do uso da água” no nosso país.

Das 256 entidades gestoras analisadas, 171 apresentam uma qualidade insatisfatória na gestão física e económica da água, já que apresentam valores de água não facturada entre 30% e 77%. O município de Macedo de Cavaleiros surge como o menos eficiente na gestão da água, com perdas a rondarem os 77,3%. Amarante, Arouca, Baião, Celorico de Basto e Cinfães também surgem como campeões na fraca gestão de recursos, com 75,1% de perdas declaradas. Na lista dos municípios com uma gestão eficientes dos recursos, surge a empresa INFRAQUINTA, do município de Loulé, com 6,3% de perdas de recursos.

A associação Zero chama ainda a atenção para um outro dado, que se prende com o facto de 754 383 alojamentos continuarem a não estar ligados à rede (14% de um total de cerca de 4,5 milhões de alojamentos existentes com serviço efectivo), porque os mesmos não estão habitados ou porque possuem origens alternativas de água (furos, poços, etc.). A lei é clara neste sentido, declarando a obrigatoriedade dos cidadãos efectuarem a ligação à rede pública de abastecimento, quando esta se encontra disponível. Segundo a Zero, “é particularmente grave a manutenção de situações em que os munícipes não se ligam à rede pública, porque possuem furos, muitas vezes ilegais, um fenómeno causador de riscos para a saúde pública, propiciador de insustentabilidade económico-financeira das autarquias e potenciador de injustiça entre cidadãos que suportam custos acrescidos e cidadãos que nada pagam”.

O relatório ERSAR – Entidade Reguladora da Água e dos Resíduos, através do RASARP – Relatório Anual dos Serviços de Água e Resíduos de Portugal, de 2016 (relativo ao ano de 2015) pode ser consultado na íntegra aqui.

Foto: via Creative Commons 





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