Nas savanas, as ervas são tão importantes quanto as árvores no sequestro de carbono



Reduzir a concentração de dióxido de carbono na atmosfera é uma das grandes batalhas dos nossos tempos. Se a humanidade falhar nessa missão, a temperatura da Terra continuará a subir, com efeitos devastadores para todos os ecossistemas e formas de vida que nele vivem.

Nessa demanda, a plantação de árvores e a revitalização de áreas florestais têm sido apontadas como ações-chave. E um grupo de investigadores dos Estados Unidos da América (EUA) e de África do Sul dizem agora que, nas savanas, não são só as árvores que capturam e armazenam carbono. Também a vegetação rasteira é um elemento central desse ciclo, mas a sua contribuição tem sido subvalorizada.

Através de dados recolhidos no Parque Nacional Kruger, na África do Sul, e comprando-os com outros relativos a savanas tropicais de outras regiões do planeta, os investigadores perceberam que os solos ricos em espécies vegetais herbáceas apresentavam concentrações mais elevadas de carbono do que em áreas em que esse tipo de vegetação era mais escasso.

Parque Nacional Kruger, África do Sul.
Foto: Yong Zhou / Universidade Estadual do Utah

Num artigo divulgado na revista ‘Nature Geoscience’, revelam que, nas savanas tropicais, as ervas eram responsáveis por cerca de metade do carbono aprisionado no solo, algo que se verificou também em solos diretamente por baixo de árvores. Por isso, os autores declaram que as herbáceas desempenham um papel fundamental na capacidade das savanas para sequestrarem carbono.

Yong Zhou, da Universidade Estadual do Utah (EUA) e primeiro autor do artigo, afirma mesmo que “em média, o aumento do armazenamento de carbono no solo resultante da expansão da cobertura florestal nas savanas tropicais é negligenciável”. Embora o aumento do número de árvores aumente o sequestro de carbono em biomassa, isto é, nos troncos lenhosos das árvores e na sua folhagem, a capacidade de sequestro do solo mantém-se praticamente inalterada.

Mas com a presença das herbáceas, o cenário é outro. “As nossas descobertas desafiam a assunção generalizada de que a reflorestação aumenta uniformemente o armazenamento de carbono no solo”, afirma Zhou, acrescentando que não é ainda conhecida uma ligação direta entre o aumento do coberto florestal e a variação do sequestro de carbono nos solos das savanas tropicais.

Os investigadores dizem que, enquanto nas florestas o carbono é armazenado sobretudo nos troncos e folhas, nas savanas, com uma densidade arbórea muito menor, o carbono é armazenado principalmente no solo, nos sistemas de raízes de várias espécies de ervas.

Para Zhou, este estudo “torna ainda mais claro que as savanas desempenham um papel crucial no ciclo global de carbono de uma forma única”, pelo que é importante devotar tanta atenção à proteção desses ecossistemas quanto a que é investida na proteção das florestas.





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