Navios a gás libertam metano para a atmosfera, denuncia a T&E
A Federação Europeia de Transporte e Ambiente (T&E) realizou uma investigação na qual denuncia o impacto que os navios movidos a gás natural liquefeito (GNL) têm para o ambiente. Embora o nome “Ecodelta” remeta para uma alternativa de navios mais ecológicos e amigos do ambiente, a verdade é que parece tratar-se de uma questão de greenwashing.
Ao observarem vários navios junto ao porto de Roterdão, o maior da Europa, foi possível detetar as emissões de hidrocarbonetos não queimados a sairem pela chaminé. Estes navios libertam uma grande quantidade de gás metano para a atmosfera, contribuindo para o aquecimento global a um ritmo acelerado. Como mostram dados da Organização Marítima Internacional, entre 0,2 e 3% do gás escapa durante o processo de combustão.
De acordo com os especialistas, “cerca de 80% do GNL da Europa usado pelos navios hoje é pior para o clima do que os combustíveis que substituem, devido à libertação deste gás potente que aquece 80 vezes mais do que o dióxido de carbono.”
Com a União Europeia a propor metas para promover a descarbonização da indústria marítima, a alternativa ao óleo combustível mais barata passará pelo GNL. Estudos recentes indicam que, em 2025, mais de dois terços dos navios poderão ser a GNL, o que levará ao aumento e à dependência nos combustíveis fósseis por muitos mais anos.
Como sugere a T&E, “Para evitar isso, a UE deve adotar metas mais rígidas de redução de gases com efeito estufa para todos os navios que chegam e partem dos portos europeus, para que o setor alcance emissões zero, o mais tardar, até 2050. Combustíveis limpos existem. Os combustíveis verdes à base de hidrogénio podem reduzir massivamente o impacto climático do transporte marítimo, mas atualmente são caros. Se os formuladores de políticas estabelecessem metas e incentivos obrigatórios para estes combustíveis agora, isso estimularia a oferta e a procura e fazia com que ficassem amplamente disponíveis e a custos muito mais baixos”.