Níveis de mercúrio no mar triplicaram desde a Revolução Industrial
Nos anos 1950, uma epidemia neurológica matou milhares de habitantes da cidade costeira de Minamata, no Japão, e causou lesões cerebrais aos recém-nascidos. Apenas mais tarde é que os habitantes souberam que o peixe que tinham comido estava contaminado com mercúrio tóxico, resultante de uma descarga de uma central química da zona.
Um novo estudo indica que os níveis de mercúrio nos oceanos têm vindo a aumentar e os investigadores estimam que a quantidade da substância nas águas oceânicas triplicou desde a Revolução Industrial, o que coloca em perigo as espécies marinhas bem como a saúde humana.
Vários processos industriais, como a prospecção de ouro em pequena escala e a combustão de carvão, emitem mercúrio para a atmosfera. Na extracção de ouro, os mineiros recorrem ao mercúrio líquido para absorver o ouro do minério. Posteriormente, fazem o mercúrio evaporar e o ouro fica. Já a combustão de carvão liberta o mercúrio que existe naturalmente no mineral, refere o News from Science.
Quando na atmosfera, o mercúrio consegue viajar durante meses e milhares de quilómetros em suspensão, até que chove e se deposita nos oceanos. Já presente no oceano, as bactérias ajudam a converter o metal em metil-mercúrio, que entra na cadeia alimentar e se acumula no peixe.
O consumo de peixe contaminado é a principal fonte de exposição humana ao mercúrio. Contudo, monitorizar os níveis do metal nos oceanos tem sido um desafio para os investigadores, porque o mercúrio está presente em concentrações minúsculas nas águas e é necessário muito tempo e recursos para recolher amostras.
Os cálculos feitos para o estudo revelam que os oceanos contêm entre 60.000 a 80.000 toneladas de mercúrio proveniente da poluição, com quase dois terços presentes nas águas com profundidade inferior a 1.000 metros.
As concentrações de mercúrio nas águas menos profundas triplicaram quando comparadas com as concentrações dos tempos pré-industriais. Nas águas de profundidade média, as concentrações do metal aumentaram cerca de 1,5 vezes. As grandes concentrações de mercúrio nas águas menos profundas podem aumentar a acumulação de toxinas nos peixes, expondo os humanos a envenenamento por mercúrio.