Nível do mar está a aumentar de forma mais acelerada do que se previa



O planeta aquece e o nível do mar sobe. Mas quanto sobe e quão rápido isso acontece é algo em que os cientistas continuam a trabalhar. De acordo com um estudo divulgado esta semana na revista Environmental Research Letters, porém, as águas estão a subir mais rapidamente do que o mais recente relatório oficial do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), em 2007, projectava.

Segundo os autores do estudo, os resultados mostram que a temperatura global continua a aumentar, mas a taxa de aumento do nível do mar das últimas décadas é maior do que a projectada pelos modelos do IPCC. “Isso sugere que as projecções do IPCC relativas ao nível do mar para o futuro podem também ser mais baixas”, acrescentam.

O pior cenário idealizado pelo IPCC falava de uma elevação do nível do mar, até 2100, de 60 centímetros. O co-autor Grant Foster, da consultora Tempo Analytics, em Garland, diz que este número poderá não ser certo: “Muitas pessoas sentiram que o IPCC foi muito conservador, uma vez que declarou, no relatório de 2007, que os seus modelos excluíam futuras rápidas mudanças dinâmicas no fluxo de gelo”.

Segundo o principal autor deste novo estudo, Sefan Rahmstorf, do Instituto Potsdam para a Pesquisa do Impacto Climático, na Alemanha, os resultados baseiam-se em mais cinco anos de dados do que os do IPCC. E muitos desses dados provêm de satélites, que são mais abrangentes do que os marégrafos utilizados na era pré-satélite.

Muitos especialistas, incluindo Rahmstorf, estão convencidos há vários anos que o aumento do nível do mar até 2100 deve ser superior a 90 centímetros (supondo que não são tomadas medidas sérias para reduzir o calor que retém as emissões dos gases de efeito estufa).

Mesmo o aumento de 30 centímetros na área de Nova Iorque, registado entre 1900 e o presente, foi suficiente para aumentar o poder destrutivo do recente furacão Sandy – 90 centímetros de nível do mar extra poderão revelar-se verdadeiramente catastróficos. Os cálculos foram baseados em análises sofisticadas da relação entre o nível do mar e a temperatura, tendo em conta evidências de condições climáticas antigas.

Os números publicados recentemente não mudam esta projecção de 90 centímetros para 2100 – eles baseiam-se na taxa de medição de aumento do nível do mar entre 1993 e 2011, fixando-a em cerca de 3,2 milímetros por ano. Isto é 60% mais rápido do que os 2 milímetros por ano que os modelos do IPCC sugeriam para o mesmo período. Esta é uma indicação clara de que esses modelos não foram especialmente precisos.

Mesmo apontando o valor em 3,2 milímetros por ano, o nível do mar subiria apenas 30 centímetros até 2100 – espera-se que os 60 centímetros extra resultem de um aumento acelerado causado pelas temperaturas cada vez mais altas. Mas 90 centímetros de elevação até 2100 é apenas uma projecção e não necessariamente o destino. “Muito depende do caminho de emissões que sigamos. Se agirmos juntos, estes valores não têm de ser tão elevados”, explica Foster.

O IPCC lança relatórios a cada cinco a sete anos, sendo que o próximo deve sair em 2013-2014. Esses relatórios resumem o estado do conhecimento científico sobre as mudanças climáticas e são usados como base das negociações internacionais sobre o clima, visando a redução das emissões de gases de efeito estufa. A última ronda de negociações está actualmente em curso em Doha, no Qatar.





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