Nível do mar subiu cerca de 18 metros em 500 anos, indica novo estudo
Um estudo liderado por cientistas da Universidade de Durham, em Inglaterra, concluiu que o derretimento de camadas de gelo, na última era do gelo, fez subir em 18 metros o nível do mar ao longo de 500 anos.
Esse aumento é 10 vezes superior ao atual ritmo da subida do nível do mar, informou hoje a instituição.
Em comunicado, a Universidade de Durham sublinha que as novas investigações indicam que episódios anteriores de perda de gelo podem ter causado uma subida do nível do mar “a um ritmo de cerca de 3,6 metros por século, dando pistas vitais sobre o que poderá acontecer, caso as alterações climáticas continuem sem diminuir”.
O período de rápido aumento do nível do mar, que começou há 14,6 mil anos, ficou conhecido como Meltwater Pulse 1A (MWP-1A) e não existia acordo na comunidade científica sobre qual a camada de gelo responsável pelo fenómeno, apontando-se uma camada de gelo antártico como provável, mas as mais recentes investigações reuniram provas que atribuem esse papel a camadas de gelo no hemisfério norte.
“A maior parte da água de fusão parece ter tido origem nos antigos lençóis de gelo norte-americanos e eurasiáticos, com uma contribuição mínima da Antártida, conciliando pontos de vista anteriormente díspares”, refere a Universidade de Durham, no comunicado hoje divulgado.
Segundo a mesma nota, além de inundar vastas áreas de terras baixas, “esta descarga sem paralelo de água doce no oceano, comparável ao derretimento de um manto de gelo com o dobro do tamanho da Gronelândia em apenas 500 anos, terá perturbado a circulação oceânica, com efeitos de arrastamento para o clima global”.
Os cientistas envolvidos acreditam que o conhecimento recolhido sobre a fonte da água de fusão, com base em dados geológicos detalhados ao nível do mar e técnicas de modelação de ponta, “irá melhorar a precisão dos modelos climáticos que são utilizados para replicar o passado e prever mudanças no futuro”.
“O nosso estudo inclui novas informações de lagos na costa da Escócia que foram isolados do oceano devido à elevação da terra após o recuo da Folha de Gelo Britânica, permitindo-nos identificar com confiança as fontes de água de fusão”, disse, citado no mesmo comunicado, o autor principal do estudo, Yuncheng Lin.
O investigador salienta que apesar de o Meltwater Pulse 1A ter sido identificado há mais de 30 anos, os cientistas tentaram anteriormente determinar a fonte da subida do nível do mar com base em dados dos trópicos, mas a maioria desses estudos discordou dos registos geológicos da mudança do manto de gelo.
A coautora do estudo, Pippa Whitehorse, pormenorizou que a técnica utilizada “permite realmente investigar as barras de erro nos dados e explorar quais os cenários de fusão do gelo mais prováveis”.
“Verificámos que a maior parte da rápida subida do nível do mar se deveu ao derretimento das camadas de gelo em toda a América do Norte e Escandinávia, com uma contribuição surpreendentemente pequena da Antártida”, enfatizou a investigadora do Departamento de Geografia da Universidade de Durham.
De acordo com a cientista, “a próxima grande questão é descobrir o que desencadeou o derretimento do gelo, e qual o impacto que o afluxo maciço de água de fusão teve sobre as correntes oceânicas no Atlântico Norte”, uma vez que qualquer perturbação da Corrente do Golfo, por exemplo devido ao derretimento da Folha de Gelo da Gronelândia, terá consequências significativas para o clima do Reino Unido, vinca Pippa Whitehorse, citada no comunicado da instituição.
A Universidade de Durham alerta para o “grande risco para a sociedade” que representa a subida do nível do mar devido ao aquecimento do clima e frisa a importância de melhorar a “compreensão dos motivos e da rapidez com que a mudança pode acontecer”, para ajudar a planear os impactos daí resultantes.