No que toca a dar à luz, os macacos-japoneses têm muito mais facilidade do que os humanos
A mortalidade materna é um dos grandes problemas que muitas sociedades humanas enfrentam. Complicações durante a gestação, no parto ou após dar à luz levam a que muitas mulheres percam a vida.
Contudo, não é algo que seja comum a todos os primatas. Uma investigação liderada pela Universidade de Viena (Áustria), revela que apesar de terem uma proporção entre pélvis e cabeça semelhante à dos humanos (as fêmeas têm canais de parto estreitos e as crias têm cabeças grandes), não se encontra entre as fêmeas dos macacos-japoneses (Macaca fuscata) quaisquer casos de mortalidade materna fruto de complicações relacionadas com a gestação ou o parto.
Os investigadores explicam, em comunicado, que, por terem grandes cérebros, os primatas têm também grandes cabeças, um fator que influencia grandemente a probabilidade de mortalidade materna.
Através do estudo de uma população de macacos-japoneses semi-selvagens a região austríaca de Carinthia, um trabalho que durou 27 anos, os cientistas registaram o número de nascimento e o número de mortes de fêmeas. E concluíram que, durante esse período, nenhuma das fêmeas morreu devido a complicações associadas à gravidez.
“Conseguimos mostrar que, para esta população, nenhuma fêmea morreu por causa do parto da sua cria nos últimos 27 anos”, aponta Katharina Pink, primeira autora do artigo publicado na revista ‘PNAS’.
Apesar dessa constatação, ainda não se sabe ao certo a razão de uma tão grande disparidade entre a mortalidade materna nos humanos e nos macacos-japoneses, mesmo sabendo que ambas as espécies têm as mesmas proporções pélvis-cabeça.
Ainda assim, os investigadores sugerem uma possível explicação. É provável que a musculatura e a estrutura esquelética da pélvis dos macacos-japoneses sejam mais flexíveis durante o parto do que as dos humanos, possibilitando partos menos arriscados, tando para a progenitora como para a cria.
Outra possível explicação poderá prender-se com a morfologia da pélvis dos macacos, diferente da dos humanos, que pode permitir partos mais seguros e com menos complicações.
Os autores dizem que alguns primatas, como os macacos-japoneses, tendem a preferir dar à luz em posições que permitem partos mais fáceis tendo em conta a forma e flexibilidade da pélvis, como de pé ou agachados. Por isso, Pink considera que os resultados desta investigação podem, embora sejam precisos mais dados, ajudar a promover novas formas de cuidados maternos e técnicas que permitam partos menos arriscados em humanos.