Nova espécie de caracol só existe numa pedreira detida pela cimenteira Lafarge



Uma nova espécie de caracol foi descoberta numa pedreira de calcário gerida pela gigante do cimento Lafarge, na Malásia, estimando-se que este seja o único local onde ela existe. A espécie é minúscula, rara e a sua sobrevivência depende unicamente da Lafarge – provavelmente por esta razão, o nome que lhe foi dado tem em conta a gigante francesa – charopa lafargei.

Esta foi, de resto, a primeira vez que uma espécie “recolhe” o nome de uma empresa – e não é razão para menos. Sem a ajuda da Lafarge, a espécie tem os dias contados.

O novo caracol – novo para nós, está claro – foi descoberto em Gunung Kanthan, no noroeste da península da Malásia. Ele sofre de um problema comum a todas as espécies cuja área geográfica é reduzida: um risco muito elevado de extinção. Para piorar a situação existe esta coincidência: a pedreira onde o charopa lafargei vive é detida pela Lafarge – é um habitat corporativo onde, por vezes, o lucro pesa mais que a biodiversidade.

Este local, de resto, é fértil para o desenvolvimento de novas espécies. Em poucos meses foram descobertas três novas plantas, uma aranha, outro caracol e um gecko. Todas estão em risco de extinção e todas dependem da pedreira para o seu futuro.

Nos últimos tempos, e à medida que partes até agora virgens do globo são invadidas, novas espécies são descobertas a uma velocidade muito elevada. Todas elas estão em risco de extinção, uma vez que o seu habitat é reduzido.

O futuro do charopa lafargei ainda é incerto, mas o jornalista Tony Juniper, do Guardian, tem algumas sugestões: “Primeiro, [a Lafarge] contrata uma equipa de biólogos de topo para fazer uma investigação exaustiva da biodiversidade no terreno. Depois, esta equipa conduzirá uma série de recomendações à administração, tendo como pano de fundo a protecção das espécies restritas à área da mina. Tudo isto tem de ser público e partilhado pelos colegas. E até tudo estar concluído a mina não pode ser expandida”, explicou Juniper.

A grande questão é: e o que fará agora a Lafarge? Ignora a biodiversidade ou atrasa o desenvolvimento de uma das suas joias da coroa? Acompanhe tudo sobre esta história no Green Savers.





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