Novo índice revela países mais vulneráveis a choques climáticos. Três são na Europa



De um total de 188, 65 nações, que englobam mais de dois mil milhões de pessoas, estão altamente vulneráveis a choques climáticos ou desastres naturais e têm dificuldades no acesso a financiamento para adaptação. Dois terços desses países estão em África.

Os dados são revelados numa plataforma lançada recentemente, a Climate Finance Vulnerability Index, criada pela Faculdade de Estudos Climáticos da Universidade de Colúmbia, dos Estados Unidos da América, com o apoio da Fundação Rockefeller. A ferramenta fornece dados sobre a vulnerabilidade climática dos países do mundo para ajudar a tomar melhores decisões no que toca ao financiamento para adaptação às alterações climáticas.

“Os choques climáticos estão a tornar-se mais frequentes e intensos, mas muitas das nações que enfrentam as maiores ameaças estão também altamente endividadas, limitando o seu acesso aos mercados financeiros”, diz, em comunicado, Jeff Schlegelmilch, responsável do Centro Nacional de Preparação de Desastres da escola da Universidade de Colúmbia e que liderou a criação do índice.

“Modelos tradicionais de assistência baseados no PIB [Produto Interno Bruto] per capita ou em níveis de rendimentos não captam os riscos singulares e crescentes da exposição climática e o acesso limitado ao capital para gerir esses riscos”, aponta o especialista.

A Guiné-Bissau está no fim da lista, como o país mais vulnerável a choques climáticos, antecedido pela Eritreia, por Angola, pela Zâmbia e pela Palestina. Na metade inferior do índice, onde estão os países mais expostos aos efeitos das alterações climáticas, estão três países europeus: o Chipre, a Moldávia e a Ucrânia, em 121.º, 122.º e 130.º lugares, respetivamente.

Inversamente, no topo do índice, como os menos vulneráveis, estão a Noruega, a Coreia do Sul, a Suíça, a Dinamarca e a Estónia. Portugal surge na 46.ª posição, atrás da vizinha Espanha, que está em 39.º lugar.

A plataforma faz quatro previsões para cada país: nos anos 2050 ou 2080 e cenários climáticos “otimistas” ou “pessimistas”.

No cenário 2050 “pessimista”, Portugal surge na 46.ª posição do índice, mas no “otimista” cai para a 55.ª. No cenário 2080 “pessimista”, o país surge no 44.º lugar, mas no “otimista” cai para o 51.º. Poderá parecer estranho que nos cenários otimistas Portugal desça na tabela, mas isso poderá dever-se, não a uma maior vulnerabilidade, mas ao facto de outros países serem menos vulneráveis, subindo mais no índice.

De acordo com os dados, oito dos 10 países mais bem posicionados, em todos os quatro cenários, para responderem a choques climáticos fazem parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE): Dinamarca, Estónia, Japão, Noruega, Coreia do Sul, Suíça, Suécia e Estados Unidos da América.

Embora as previsões sejam isso mesmo, previsões, e possam não ser consensuais, dados do Fórum Económico Mundial apontam para perdas económicas globais de mais de 10 biliões de euros e para mais de 14 milhões de mortes até 2050 devido a cheias, ondas de calor, incêndios de grande escala e outros extremos climáticos causados por um mundo cada vez mais quente, fruto das emissões de gases com efeito de estufa de origem humana.






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