Novo método sustentável de conservar a madeira testado em navios históricos
Em 1545, o navio Mary Rose, pertencente à frota de Henrique VIII, afundou-se em circunstâncias misteriosas. Em 1982, o navio foi redescoberto e retirado cuidadosamente do mar, um feito de arqueologia subaquática notável que despoletou três décadas de trabalhos de preservação do barco.
Agora, uma equipa de cientistas liderada pela Universidade de Cambridge está a trabalhar com a equipa de conservação do Mary Rose Trust numa nova forma de conservar a madeira, de forma a preservar este e outros grandes novios históricos que se tenham afundado.
O mar não é simpático para os barcos de madeira, como bem nota o Gizmag, e quando estamos a falar de navios afundados este lugar-comum é ainda pior. No entanto, o salvamento do Mary Rose foi notável e o navio tem agora um museu dedicado à sua preservação.
Nos últimos 30 anos, o navio foi borrifado com água e químicos – durante os primeiros 12 anos, ele foi borrifado com água fresca para forçar o sal a sair e evitar que secasse. Depois, durante outros 19, ele foi borrifado com PEG (polietilenoglicol).
Este procedimento tem várias décadas mas, para além de ser demorado, é pouco sustentável. E é aqui que entra a equipa da Universidade de Cambridge, que desenvolveu um novo polímero natural que não só faz o trabalho do PEG, actua contra os artefactos de madeira, o ferro e as bactérias e, muito importante, é mais seguro e sustentável que os métodos tradicionais.
A base do novo tratamento é um material feito de cucurbituril, uma espécie de algemas moleculares em forma de barril que podem ligar a outros polímeros que têm diferentes propriedades e transformá-los numa única substância.
Feita de um polissacarídeo chamado quitosana linear e pastilha, este consolidante pode formar uma espécie de gaiola em torno de íons de ferro. Isso isola quimicamente o ferro, impedindo-o de formar ácidos. Segundo a equipa de Cambridge, ele tem também propriedades anti-bacterianas, é reversível e económico.
Foto: Herry Lawford / Creative Commons