Novo relatório da ANPlWWF e da WWF denuncia a dinâmica comercial da União Europeia



A União Europeia (UE) importa muito mais alimentos do que exporta, apresentando um défice comercial significativo quando medido pelo que realmente importa em termos nutricionais, tais como calorias e proteínas. É o que indica o novo relatório da ANP|WWF e da WWF, “A Europa come o mundo – Como a produção e consumo de alimentos na UE impacta o planeta”.

Esta dinâmica “tem um impacto prejudicial no planeta”, uma vez que provoca a deteorização dos recursos naturais, a desflorestação global e o esgotamento dos stocks de peixe em todo o mundo. Cerca de 40% dos alimentos produzidos na UE também nunca são consumidos, e este desperdício tem um custo enorme para o nosso clima e biodiversidade. Estima-se que cerca de 173 kg de alimentos sejam desperdiçados, por pessoa, na UE.

Com o atual contexto de guerra na Ucrânia, devem ser tomadas medidas urgentes para evitar a escassez global de alimentos, no entanto, estas não devem colocar em causa as normas ambientais. As organizações alertam que a ideia de que a Europa “alimenta o mundo” não passa de um mito. Como explica Ângela Morgado, diretora executiva da ANPlWWF “um pouco por toda a Europa são várias as vozes que têm alertado para o perigo da instrumentalização do conflito que pretende diluir ao máximo os compromissos ambientais de forma a aumentar a produção. Sabemos que esta retórica não é verdadeira e é, na verdade, bastante enganadora já que apenas um sistema alimentar mais sustentável será capaz de proporcionar segurança alimentar. A UE não deve concentrar-se em produzir mais, mas sim em produzir e consumir melhor, de forma diferente”, sublinha.

Esta transição para um sistema alimentar mais sustentável não deverá ser um problema já que, segundo o documento, existe um apetite de mudança por parte dos consumidores. Três em cada cinco europeus querem comer de forma mais sustentável, e três em cada quatro querem uma legislação da UE que garanta que todos os produtos vendidos na UE não conduzam à perda da biodiversidade.

“É evidente que ao tornar os nossos sistemas alimentares sustentáveis, estamos também a torná-los resilientes. As medidas ambientais e os objetivos de sustentabilidade não enfraquecem a segurança alimentar, mas sim apoiam-na. O Pacto Ecológico Europeu e a Estratégia Do Prado Ao Prato não precisam de ser revistos para permitir o aumento da produção. Pelo contrário, precisam de ser acelerados através de uma melhor utilização dos subsídios agrícolas, de uma ação reforçada em matéria de consumo alimentar e dietas alimentares, e da rápida adoção das legislações planeadas sobre tópicos-chave, incluindo a desflorestação e conversão de terras, restauro e pesticidas”, defende Ângela Morgado.

O próximo quadro legislativo para um sistema alimentar sustentável, que a Comissão Europeia deverá propor em 2023, deve ser um ponto de viragem. O relatório fornece várias vias políticas através das quais esta nova lei pode orientar o consumo alimentar da UE para a sustentabilidade.

Consulte o relatório “A Europa come o mundo – Como a produção e consumo de alimentos na UE impacta o planeta” aqui.





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