Novo relatório da ONU: Alinhar economias com o planeta pode resultar em ganhos globais de 20 biliões de dólares por ano
“Apesar dos esforços globais e de chamadas à ação, o nosso planeta entrou já em águas desconhecidas” e “a situação está a piorar”, lê-se no relatório divulgado esta terça-feira pelo Programa Ambiental das Nações Unidas.
Publicado no âmbito da 7.ª sessão da Assembleia Ambiental das Nações Unidas, que arrancou esta semana em Nairobi, no Quénia, e se estende até dia 12, o “Global Environmental Outlook 7” é assinado por mais de 280 cientistas e especialistas que salientam que as alterações climáticas, a perda de biodiversidade, a degradação dos solos, a desertificação e a poluição custam já biliões de dólares todos os anos.
No entanto, dizem que se as sociedades e governos transformarem os seus sistemas financeiros e as suas economias, a forma como consomem materiais e como gerem resíduos, bem como a energia, os alimentos e o ambiente no geral, os benefícios macroeconómicos globais poderão chegar aos 20 biliões de dólares por ano até 2070. A partir daí, continuariam a aumentar, escrevem os relatores, ultrapassando os 100 biliões por ano até 2100, representando mais de um quarto do PIB mundial projetado para esse ano.
O relatório defende a importância de as sociedades humanas se libertarem do PIB como único indicador de riqueza e para incentivarem economias circulares, a descarbonização dos sistemas energéticos, a agricultura sustentável e o restauro dos ecossistemas.
Os especialistas dizem que combater a poluição do ar permitirá evitar cerca de nove milhões de mortes prematuras até 2050. Além disso, as mudanças na forma como funcionam as sociedades e as economias poderão permitir que até a meados deste século seja possível retirar mais de 100 milhões de pessoas de situações de pobreza extrema.
É também destacada a importância do investimento de cerca de sete biliões de dólares por ano até 2050 para ser possível chegar à neutralidade carbónica nos próximos 25 anos, bem como colmatar uma falta estimada de 700 biliões de dólares por ano para implementar o Quadro Global da Biodiversidade. “Isso pode ser feito tendo em conta as necessidades dos mais pobres e das partes mais vulneráveis da população através de mecanismos de compensação”, escrevem os especialistas.