O aumento das compras online faz piorar o tráfego urbano?



John Benjamin Woodard instalou-se recentemente à frente do Nova York por Gehry, edifício residencial em Manhattan que é um dos mais altos do mundo, e pôs-se a observar os camiões de entregas. Viu como eles estacionaram – a maioria em fila dupla – e o tempo que lá ficaram. Viu a forma como os peões e outros veículos se esforçavam por os contornar e como nem um único camião se moveu em qualquer momento.

O objectivo da missão de Woodard faz parte de um programa de estudos urbanos da Universidade de Columbia e consiste em descobrir exactamente o que a ascensão do comércio online pode significar para as cidades nos próximos anos. Por um lado, as compras online podem levar à redução do congestionamento e uso do carro, já que diminui as viagens aos espaços comerciais físicos. Por outro lado, as entregas dos artigos ao domicílio podem facilmente aumentar esse congestionamento, colocando mais camiões nas estradas.

Segundo o Atlantic Cities, as pessoas, de forma global, têm cerca de pouco mais de uma hora por dia de tempo destinado a viagens. Antes do surgimento do e-commerce, parte desse tempo era gasto em deslocações para a aquisição de bens. Hoje, as pessoas compram pela internet e usam esse tempo para pegar no carro e ir passear ou visitar um amigo. De acordo com este cenário, as viagens pessoais mantêm-se constantes, enquanto as comerciais aumentam – há um ganho de pessoas e bens nas estradas.

A análise de Woodard ao edifício Gehry e a outros três residenciais em Manhattan também aponta neste sentido. Ele descobriu que, em média, os camiões ficam estacionados durante 21 minutos por cada entrega – dois terços deles em fila dupla. Extrapolando os dados para um dia inteiro, isto significa que os camiões ocupam espaço da rua – que não é destinado a estacionamento – durante sete horas completas.

Isto levanta questões ligadas à segurança deste tipo de congestionamento não intencional. Woodard percebeu que os camiões de entrega muitas vezes interferem com o fluxo dos peões.

No cerne do problema está o estacionamento urbano. Numa área densa como Manhattan, os camiões de entregas têm pouca escolha de paragem. Isto leva-os a disputar por espaços livres com os veículos de passageiros, ao estacionamento em segunda fila e, por fim, ao congestionamento geral.

Algumas cidades, incluindo Nova Iorque, fizeram já experiências de entregas comerciais à noite – no entanto, o serviço requer muita mão-de-obra e gera ruído para os edifícios residenciais. Outras cidades, como Londres e Paris, já tentaram fazer as entregas em bicicletas – no entanto, existem limitações óbvias nesta opção. Veja aqui como a União Europeia quer contornar este problema global.

“É definitivamente – a partir do que eu explorei – um problema que vai ser crescente à medida que avançamos para o futuro”, defende Woodard.

Foto: Sob licença Creative Commons





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