O comércio ilegal de espécies ao longo da fronteira de Myanmar com a China (com FOTOS)
A cidade de Mong-La, no estado de Shan em Myanmar, antiga Birmânia, perto da fronteira com a China, localiza-se na encruzilhada das rotas de comércio ilegal de produtos de animais e de plantas. Estas rotas de comércio retiram das florestas, selvas e planícies da Índia, Myanmar, Laos e Tailândia os seus animais e plantas nativas – muitos já ameaçados.
Mong-La é uma “cidade do pecado” fronteiriça sem lei, onde além do tráfego de espécies selvagens, abunda o tráfego de armas, drogas e mulheres. Para se chegar a esta cidade é necessário viajar ilegalmente de mota através de uma fronteira internacional e de um caminho de terra batida que serpenteia entre selva frondosa e plantações de borracha. A viagem demora cerca de 20 minutos e ao longo do caminho encontram-se vários pontos de controlo criados pelos habitantes locais, pela milícia étnica e pelo exército da Aliança Democrática Nacional e, finalmente, pelas tropas do Governo birmanês.
No mercado de Mong-La é possível encontrar uma arca de Noé de produtos de animais ameaçados, incluindo peles de tigres, dentes de elefante, pele de elefante, carapaças de pangolim, pele de leopardo, esquilos voadores, gatos-almiscarados, peles de ursos asiáticos e crânios de antílopes tibetanos. Muitos destes itens também podem ser encontrados na cidade de Daluo, do lado chinês da fronteira, mas a um preço muito mais caro. Em Mong-La é possível comprar uma pele de tigre por €5.935, enquanto que em Daluo custa €23.866, refere o Guardian.
O comércio ilegal de espécies na antiga Birmânia não é novidade. Há várias décadas que as organizações não-governamentais e os governos estão cientes dos problemas na fronteira da China com Myanmar. O que não é do conhecimento geral é como um próspero mercado ilegal que comercializa vários itens de espécies ameaçadas de extinção – utilizadas na medicina chinesa – pode florescer em poucos metros através de uma passagem fronteiriça oficial entre estas duas nações.
A China tem tentado liderar várias iniciativas a nível internacional de combate ao tráfego de espécies ameaçadas. Contudo, a nível interno, a venda ilegal de espécies selvagens continua a prosperar. “Se a polícia vier, escondemos simplesmente os produtos. Desde que não estejam à vista está tudo ok. Depois de a polícia ir embora voltamos a pôr os produtos para venda”, indica um comerciante em Daluo.
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