O maior envenenamento em massa



É uma região agrícola a leste Dhaka, a capital do Bangladesh. Ali não há água canalizada e as populações dependem de poços para terem acesso a esse bem essencial. Encontrá-la a pouca profundidade é relativamente fácil. O difícil é que ela não esteja contaminada com doses muito elevadas de arsénico.

O arsénico é um elemento produzido pela natureza e por alguma razão ainda desconhecida existe numa percentagem alarmante nesta área do Bangladesh. Aqui mais de metade dos poços de água usados diariamente para consumo humano, servindo perto de 35 mil pessoas, estão contaminados com este veneno em quantidades cinco vezes maiores que as consideradas seguras pela Organização Mundial de Saúde.

Esta é uma realidade que se conhece há mais de duas décadas, mas nenhuma medida foi ainda tomada. Sem alternativa e sem recursos financeiros, as gentes locais continuam a consumir esta água envenenada. A curto prazo o arsénico causa descoloração da pele, mas a médio e a longo prazo são os órgãos vitais que começam a entrar em falência.

A solução era simples: abrir poços a uma profundidade maior. Águas mais profundas não estão contaminadas, como já provou a investigação levada a cabo pela UNICEF. Mas então por que ainda não se fez nada?

Segundo declarações à revista The Atlantic feitas por Peter Ravenscroft, conselheiro da UNICEF e da OMS, “o governo local tem receio de assumir a responsabilidade de um problema que crê ser demasiado grande para conseguir resolver.”

O problema não é a tecnologia, é a implementação. Essa custa dinheiro e precisa de vontade política. Infelizmente são duas coisas difíceis de conciliar num país como o Bangladesh.





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