O pior na área do ambiente em Portugal em 2016
O ano de 2016 foi marcado por alguma retoma económica em Portugal, depois da crise financeira e económica dos últimos anos. Num contexto cada vez mais premente de alteração de comportamentos, que garanta a sustentabilidade do nosso Planeta, a associação ambiental Quercus faz o balanço ambiental do ano de 2016, seleccionado os melhores e piores factos, apresentando também algumas perspectivas para o ano que aí vem.
Os piores factos ambientais de 2016:
1- Portugal é o quarto País do Mundo com maior desflorestação
Os dados da Global Forest Watch, para Portugal, colocam o nosso País no quarto lugar entre os países com a maior taxa de desflorestação. Entre 2001 e 2014, Portugal perdeu 566.671 hectares de floresta e, entre 2001 e 2012, ganhou 286.549 hectares, o que revela menos 280.122 hectares de área florestal. No topo dos países com maior perda percentual de coberto arbóreo está a Mauritânia (99,8%), seguida do Burkina Faso (99,3%), da Namíbia (31,0%) e de Portugal (24,6%).
2- Armazenamento individualizado de resíduos nucleares (ATI) na Central Nuclear de Almaraz
Espanha deu parecer favorável ao projecto apresentado pelo consórcio Iberdrola, Endesa Generación e Gas Natural, que explora a Central Nuclear de Almaraz, para executar e montar um armazenamento individualizado de resíduos nucleares junto a esta Central, localizada na Extremadura Espanhola, junto à fronteira com Portugal. Este é um perigoso sinal de que existem fortes pressões em Espanha para que a Central não encerre no prazo definido (2020), e continue assim a ser um dos maiores perigos para toda a Península Ibérica.
3- Reserva Natural da Serra Malcata – Licença Para Matar
Na área da Reserva Natural da Serra da Malcata (RNSM) era aplicável a Portaria n.º 874/93, de 14 de setembro, que interditava o exercício da caça, sem prejuízo de, em casos especiais devidamente fundamentados, contemplar a autorização de ações de correção visando o controlo populacional de determinadas espécies. Passados 23 anos desde a publicação daquela portaria, o actual Governo vem, com a sua revogação, permitir a caça na RNSM. Esta decisão, que carece de qualquer fundamentação científica, pode colocar em causa a recuperação de várias espécies que se encontram a recuperar na zona.
4- Resultados alarmantes das análises ao glifosato na urina dos portugueses
As primeiras análises ao glifosato em Portugal, realizadas em Abril deste ano, revelaram uma contaminação descontrolada, com valores cerca de 20 vezes mais elevados que os detectados noutros países europeus e 260 vezes acima do que é permitido na água para consumo humano.
5- Exploração de petróleo na costa Alentejana
Mantêm-se de pé vários contractos para exploração de combustíveis fósseis em território continental, nomeadamente o contracto com o consórcio Galp-Eni Portugal para a prospecção e exploração de petróleo na bacia do Alentejo, mesmo perante toda a contestação de organizações ambientalistas, autarcas e população local. A pressão das grandes corporações petrolíferas não deve sobrepor-se aos objectivos assumidos por Portugal no âmbito do Acordo de Paris, sendo absolutamente contrária à transição energética para uma economia de baixo carbono.
6- Solos contaminados em locais não licenciados
Podemos estar perante um flagelo a nível nacional, no qual milhares de toneladas de resíduos perigosos, e resíduos sem qualquer triagem, estão a ser depositados em locais dedicados à valorização paisagística de antigas pedreiras ou areeiros, sem que estes espaços estejam preparados para receber resíduos desta natureza. Surpreendentemente, a estes destinos finais é atribuída a classificação de operação de “valorização de resíduo”.
7- Descargas poluentes no rio Tejo
Apesar de todos os alertas e vontades políticas já manifestadas, continuam a ser recorrentes os episódios de poluição registados ao longo do ano no rio Tejo, um rio internacional de elevado valor ambiental, cultural e económico. Estes atentados ambientais fazem com que o rio Tejo se apresente ano após ano, progressivamente, mais degradado e ameaçado, bem como impedido de cumprir com as suas funções ecológicas e de suporte a actividades económicas locais.
Foto: via Creative Commons