Cientistas descobrem reação que potencia o impacto dos protetores solares nos corais

A oxibenzona (benzofenona-3) é um composto encontrado em muitos protetores solares e labiais que protege a pele dos raios UVB e UVA. Quando este se liberta na água do mar, torna-se prejudicial para os ecossistemas marinhos, contribuindo especificamente para o branqueamento dos corais.
Um estudo publicado na revista científica Science sugere que esta reação resulta de uma interação com as anémonas do mar. Os cientistas analisaram a exposição das anémonas com e sem algas à oxibenzona, com luz solar. Após 17 dias, os animais expostos ao composto químico e à luz solar morreram – e os que não tinham algas, morreram logo na primeira semana. Só sobreviveram os que foram expostos a apenas um dos efeitos, a luz UV ou a oxibenzona.
Quando a anémona do mar entrar em contacto com a oxibenzona, é passado um açúcar que a transforma numa molécula ativada pela luz solar, que produz radicais livres de oxigénio (moléculas com alto poder reativo) prejudiciais para os corais. Como explica um dos autores, Djordje Vuckovic, na Nature, “convertem um protetor solar em algo que é essencialmente o oposto de um protetor solar”.
Além disso, foi ainda descoberto que as algas protegem as anémonas dos efeitos nocivos do composto químico.
Como referem os autores, num cenário em que os corais são branqueados e perdem as suas algas, efeitos como este podem piorar ainda mais a situação. “Se eles estão mais fracos neste estado, o aumento da temperatura da água do mar ou a acidificação do oceano podem torná-los mais suscetíveis a estes contaminantes antropogénicos locais”, explica William Mitch, engenheiro ambiental que integra a equipa do estudo.