O que a fusão entre a Kraft e a Heinz significa para a nossa alimentação saudável?
Ontem, duas das maiores multinacionais de alimentação, Kraft e Heinz, anunciaram a fusão, um negócio de 36,5 mil milhões que irá criar a quinta maior na área dos alimentos e bebidas, no mundo.
A notícia tem alguns pontos inevitavelmente negativos, no que toca à sustentabilidade social, mas deixa entender uma mudança de rumo das marcas em direcção a um novo caminho saudável.
A fusão deverá valer entre €450 e €900 milhões em sinergias, o que quer dizer, também, muitos despedimentos. “Haverá uma enorme redução de pessoas”, explicou Bob Goldin, vice-presidente executivo da consultora Technomic, à Fox Business. “Haverá algumas [marcas] que irão deixar de fazer parte do portfólio. E não existirão duas sedes durante muito tempo”, continuou.
A nova empresa terá uma variedade muito grande de produtos, mas muitos deles precisam de uma nova fórmula de sucesso. Vários analistas acreditam que a fusão foi precipitada pela mudança de hábitos dos consumidores, que querem produtos mais frescos e saudáveis.
Em 2014, os lucros da Kraft caíram mais de 60% devido ao facto de os consumidores quererem “uma cozinha diferente, mais natural e fresca”, de acordo com o The Wall Street Journal.
Segundo os analistas ouvidos por Kathleen Kusek, da Forbes, a Kraft precisa uma lufada de inovação nos seus produtos, mas não é devido à falta de investimento que eles continuam iguais há décadas. Apesar de milhões investidos no I&D (Investigação & Desenvolvimento), a empresa – como outras da área – ainda não conseguiu introduzir novos produtos ou melhorias saudáveis nos actuais.
E se muitos consumidores ainda compram alimentos processados e pré-embalados, a verdade é que, hoje, eles preferem as marcas com melhores ingredientes. Um exemplo da imobilidade da Kraft é a decisão de retirar os corantes alimentares de alguns dos seus produtos Macaroni & Cheese, mas não da sua versão mais popular, a original. É paradigmático, também, que a versão britânica da Original Macaroni & Cheese seja feita com corantes naturais, por pressões dos consumidores, e a norte-americana continue igual há décadas.
Na verdade, a empresa também retirou os preservativos artificiais de alguns dos seus Kraft Singles – queijo – mas não de todas as versões.
O facto de a empresa, sozinha, nunca ter conseguido dar este passo em frente pode levar-nos a crer que, a partir de agora, exista a possibilidade de os seus produtos serem mais saudáveis. Até porque a Heinz já incorpora produtos saudáveis e orgânicos no seu portfólio.
Segundo o Wall Street Journal, que cita analistas do mercado, “os consumidores americanos modernos querem que a comida ultra-processada da Kraft seja retrabalhada” e esta deve ser uma das primeiras medidas da nova empresa.
Foto: Mike Mozart / Creative Commons