O que fazem as marcas para incentivar o consumo sustentável?



Os criativos têm uma grande responsabilidade na promoção do consumo sustentável. Não devem ser vistos como meros interfaces passivos, mas sim como elementos activos, afirmou hoje de manhã Guta Moura Guedes, na conferência do Green Project Awards “Consumo Sustentável – O Poder do Consumidor”.

“Enquanto designer, quando estou a desenhar uma garrafa, posso dizer ao cliente que aquilo que me está a pedir não é viável do ponto de vista sustentável. Tenho essa responsabilidade”, explicou a presidente da Experimenta Design.

Uma opinião que foi refutada por Carlos Coelho, presidente do IVITY Brand Group, que afirmou que “não cabe aos criativos serem agentes de mudança. Os criativos são criadores de interacção entre públicos e produtores ou vice-versa”.

“As empresas activas no mercado não têm na sua agenda a preocupação da sustentabilidade como o deveriam ter e não são os criativos que devem fazer este papel”, explicou.

Ana Trigo Morais, directora-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), que também participou no painel “Dinamizando práticas de consumo sustentável: design, marcas e consumo”, frisou que as empresas olham cada vez mais para a sustentabilidade nos seus modelos de negócio e que 80 % das decisões que são tomadas pelas empresas no desenvolvimento de um produto começam no design, ou seja, “as preocupações ambientais têm de começar muitos atrás na cadeia produtiva e desde a concepção, design”.

Citando um inquérito do Eurobarómetro da Comissão Europeia, Ana Trigo Morais referiu que 56% da população tem consciência dos impactos ambientais dos produtos de grande consumo. Assim, acrescentou, “o consumidor assume comportamentos de acordo com a informação que tem, pelo que é fundamental investir mais em campanhas de sensibilização”.

Vasco Colaço, presidente da Deco, considera que o panorama nacional também tem influenciado o padrão de consumo dos consumidores. “Esta crise que vivemos obrigou as pessoas a repensarem os seus hábitos de consumo, procurando ser mais criteriosos nas suas escolhas, quer por dificuldade, quer pelo aumento de preço”, disse, acrescentando que nem sempre o Governo soube aproveitar a mudança.

“Cerca de 56% da energia consumida em Lisboa está associada aos transportes. O que aconteceu é que o rendimento das famílias diminuiu e houve uma tendência para que se passasse a andar de transportes públicos. No entanto, o que se verificou é que houve um aumento significativo das tarifas de transportes, o que levou à perda de passageiros”, exemplificou.

Para o presidente da Deco, a solução passaria por “manter as tarifas, de forma a que as pessoas utilizassem de forma natural os transportes. Mas houve a obrigação das pessoas mudarem os seus hábitos e os políticos não souberam aproveitar a mudança para consolidarem comportamentos mais sustentáveis”.

No entanto, o responsável considera que não é só o governo que tem um papel a desempenhar na promoção do consumo sustentável. “As empresas devem fazer algo para que os produtos verdes não sejam encarados apenas como algo distinto ou como uma estratégia de marketing. Este é um processo sistemático e todos têm de assumir a sua responsabilidade no sistema”.

Organizada em conjunto com a APED, DECO e ICS, a conferência do Green Project Awards teve ainda como um dos momentos altos a assinatura de um protocolo de cooperação entre a GCI e a Associação Empresarial de Portugal (AEP), com o objectivo de articular esforços entre as duas entidades.

Depois do debate sobre consumo sustentável, o GPA prepara agora a sua próxima conferência dedicada às Cidades Sustentáveis, que terá lugar a 15 de Julho.

Foto:  JC i Núria / Creative Commons





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