O self service nos supermercados é mesmo uma praga?



Dominc Lawson é um dos mais conceituados e conhecidos jornalistas britânicos – escreve regularmente colunas de opinião nos principais media do país – e não tem dúvidas: o serviço de self-service nos supermercados é uma “praga” e ele, enquanto cliente, está “farto de fazer o trabalho dos outros”.

Lawson dá um exemplo claro de como estas máquinas estão a piorar a nossa experiência num local de comércio: recentemente, com uma pilha de jornais e revistas na mão, ele virou-se a caminho da caixa de supermercado, para pagar, mas não viu ninguém – só uma fila de máquinas de self service, que nos podem levar a “comportamentos completamente exasperantes”.

De acordo com Lawson, há pessoas que evitam comprar certos objectos – jornais, por exemplo – devido a estas máquinas. “Como eu, um terço dos compradores acabam por deixar as suas compras e saem das lojas, em vez que utilizarem as máquinas”, explicou.

Por outro lado, existe a questão dos roubos – acidentais ou não. Em 2014, um estudo afirmou que cada questionado deixou de pagar, em média, €20 por mês em compras levadas para casa, por desespero em tentar registar algo que a máquina não consegue identificar. O que acabou por transformar um simples acto de compra na “frase mais irritante da língua inglesa: item não identificado na área de compras”.

“Isto não é só tecnofobia. Existe também o sentimento de que estamos a fazer o trabalho de outra pessoa – sem nos pagarem”, continuou Dominic Lawson.

As máquinas de self service do supermercado são apenas um exemplo a que o jornalista se agarra para argumentar que as empresas e marcas estão a reduzir custos e criar desemprego ao transferir muitas das tarefas para os seus próprios consumidores e clientes.

Outro dos exemplos é o da empresa de electricidade EDF que, ao ser “trocada” por outra empresa pelo consumidor Lawson, lhe pediu para enviar a leitura do contador – para depois, imediatamente, alegar que os números não estavam correctos. “Então, cara EDF, porque não envias alguém para fazer essa leitura, se me está a acusar de mentira?”

Segundo o jornalista, tudo começou com as bombas de gasolina, que há vários anos se tornaram self service. “Os retalhistas dizem que o self service existe para os preços se manterem mínimos. Mas, primeiro, não tenho reparado nisso; em segundo, é triste ver alguns condutores mais velhos a tentarem tirar a mangueira do lugar, o que ainda requer alguma força e mão firme”, explicou.

Dominic Lawson dá outros exemplos de sectores que estão a deixar cair funcionários: o da banca e o da aviação, por exemplo. Estaremos verdadeiramente a isolar os clientes e consumidores, reduzindo a força laboral das marcas e empresas para rentabilizar o lucro dos accionistas? Ou o mito de que os robôs nos estão a roubar os empregos não passa, isso mesmo, de um mito?

Foto: David Fisher / Creative Commons





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