Obsolescência programada: como as empresas programam os produtos para durar pouco



Há muito tempo que, no Green Savers, falamos da obsolescência programada. Trata-se da estratégia das empresas de programarem os seus produtos – ou o seu tempo de vida – para durar menos do que a tecnologia actual já permite. Ou seja, para serem rapidamente ultrapassados, motivando o consumidor a comprar um novo modelo.

Automóveis, electrodomésticos e produtos electrónicos são três dos casos mais gritantes da obsolescência programada. Contudo, este fenómeno não é recente. De acordo com o Planeta Sustentável, ele data dos anos 50, quando a explosão do consumo em massa mudou a forma de trabalhar de algumas empresas.

O site brasileiro elaborou uma série de características da obsolescência programada, tendo como base a recomendação de João Paulo Amaral, pesquisador do Instituto Brasileiro Defesa ao Consumidor (Idec), e das biólogas Gisele da Silva Bonfim e Cláudia Marques Rosa.

Vida Breve

Actualmente, a principal justificação das empresas para criar novos modelos de um produto é o avanço da tecnologia. Mas há quem duvide desta explicação. O iPad 4 foi lançado apenas sete meses após o 3, por exemplo. Será que houve mesmo tantos progressos em tão pouco tempo? Uma ONG brasileira ligada aos direitos do consumidor chegou a processar a Apple.

Impacto Ambiental

A troca regular de produtos aumenta a produção de lixo. E o lixo eletrónico contém metais pesados que podem contaminar o ambiente. Por outro lado, a obsolescência programada estimula a produção, o que gera mais gastos de energia e de matérias-primas, além da emissão de poluentes.

Sempre a pensar no negócio

Hoje, há duas versões do fenómeno. Uma delas é a obsolescência percebida: o consumidor considera que o produto que tem em casa é “velho”, porque novos modelos são lançados constantamente. Reparou que, no início de 2013, já era possível comprar um carro com a versão de 2014? Isto desvaloriza modelos anteriores e estimula a troca, mesmo que o veículo de 2013 ainda funcione bem.

As ideias brilhantes

O primeiro caso de obsolescência programada foi registado na década de 1920, quando fabricantes de lâmpadas da Europa e dos Estados Unidos decidiram, em comum acordo, diminuir a durabilidade de seus produtos de 2,5 mil horas de uso para apenas mil. Assim, as pessoas seriam forçadas a comprar o triplo de quantidade de lâmpadas para suprir a mesma necessidade de luz.

Contagem regressiva

Outro tipo actual de obsolescência, a funcional, ocorre quando o produto tem sua vida útil abreviada de propósito. O documentário The Light Bulb Conspiracy traz o exemplo de um consumidor dos Estados Unidos cuja impressora parou de funcionar – e arranjá-la sairia mais caro do que comprar uma nova.

Teoria da conspiração?

Para alguns, a obsolescência programada não existe. Alguns especialistas refutam a existência dessa prática. Para eles, os bens de consumo tornam-se ultrapassados rapidamente pelo avanço da tecnologia, que dá saltos cada vez maiores. “Foi o caso dos primeiros computadores fabricados em grande escala. Os modelos 1.86 nem chegaram a existir, pois já estava em produção o modelo 2.86”, afirma o doutor em marketing Marcos Cortez Campomar, da USP.

Foto:  @ANDYwithCAMERA / Creative Commons





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