Oceano Árctico está a absorver mais CO2 do que se esperava
O Oceano Árctico está a absorver dióxido de carbono (CO2) a um ritmo muito maior do que se esperava anteriormente, ameaçando populações de peixes e os meios de subsistência dos povos indígenas.
A superfície – ou os 100 metros superiores – do oceano é agora cerca de 35% mais ácida do que era no início da Revolução Industrial no final do século XVIII, o que representa enormes implicações para os ecossistemas árcticos. A actual composição química da água do mar ameaça um grande número de arenques, bacalhaus e capelins, bem como plâncton e caranguejos.
Isto pode afectar as condições de vida das populações indígenas que dependem da pesca e da caça – os canadianos Inuit, por exemplo –, bem como reduzir o alimento para aves e mamíferos marinhos como a morsa. A acidificação também pode levar a uma rápida diminuição da oferta mundial de peixe para consumo humano, avança o The Independent.
Richard Bellerby, do Instituto Norueguês de Investigação da Água, explicou que estes dados podem “ter implicações significativas para grandes regiões economicamente importantes, como o arquipélago árctico canadiano, as águas a norte do Alasca e o Mar de Barents”.
O Oceano Árctico é particularmente vulnerável à acidificação por um aglomerado de condições. As recentes tendências resultantes do aquecimento global têm servido para acelerar o processo.
A rápido diminuição de gelo do Árctico originou uma maior área de superfície de mar – que absorve o CO2. Além disso, o aumento dos fluxos dos rios e derretimento do gelo terrestre também dão a sua contribuição, uma vez que a água doce é menos eficaz a neutralizar quimicamente o impacto do CO2. Para agravar a situação, a água fria absorve mais CO2 do que a água quente e as emissões de carbono continuam a aumentar, longe ainda de poderem ajudar a atenuar o processo.
Este fenómeno, contudo, não causa apenas danos. Quanto mais dióxido de carbono o mar absorve, menos se acumula na atmosfera, o que reduz o impacto do aquecimento global. Além disso, algumas formas de vida, como ervas marinhas, parecem prosperar perante estas condições.