“One Third”, o projecto fotográfico que pretende alertar para o desperdício de alimentos



Durante cerca de nove meses, Klaus Pichler, fotógrafo de arte, transformou a casa de banho do seu apartamento num estúdio com uma colecção com curadoria de recipientes de plástico – cada um com itens alimentares acessíveis ao cidadão comum da Europa industrializada.

Os morangos apodreceram numa semana e meia. O cheiro do frango em putrefacção impediu o fotógrafo de conseguir dormir durante duas noites. O facto de viver sozinho na altura ajudou à concretização do projecto fotográfico. “Não conseguira fazer isto outra vez”, indica Pichler à National Geographic.

Intitulado “One Third”, o projecto foi impulsionado em 2011 por um estudo das Nações Unidas sobre o desperdício global de comida. O estudo concluiu que não importa o quão rico ou pobre um país seja, já que cerca de um terço da comida produzida para consumo humano vai para o lixo, devido a factores como as decisões dos consumidores e a falta de canais de distribuição. Ao mesmo tempo, mais de 900 milhões de pessoas passam fome.

Os resultados deste estudo perturbaram Pichler, que cresceu numa zona rural da Áustria, onde comer e criar carne era uma importante parte da cultura local. Rebelando-se contra esta cultura ao tornar-se vegetariano, o fotógrafo está habituado a pensar de forma crítica sobre a sua própria dieta. A ideia de criar uma expressão visual do estudo das Nações Unidas foi quase espontânea. E assim começou o projecto fotográfico.

“Foi um grande desafio. Não fui o primeiro a fazer fotografias de comida podre e para tornar o projecto credível decidi não alugar um estúdio e fazê-lo no meu apartamento. Esta foi uma decisão muito consciente. Quando estou a trabalhar num projecto gosto de estar rodeado por ele”, explica o fotógrafo.

Espreitando periodicamente os recipientes, Pichler observou o florescimento do mofo e da podridão, apreciando a diversidade de formas e texturas que florescem quando a comida vive os últimos dias de vida fora do alcance do olhar humano.

Quando os alimentos atingiram o ponto máximo de podridão fotogénica, o fotógrafo colocou os produtos contra um fundo elegante e caracterizou-os para o último retrato.

[nggallery id=811 template=greensavers]





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...