ONG defende que acordo UE-Mercosul vai piorar situação no Cerrado brasileiro



A organização ambiental Amigos da Terra Europa (ATE) alertou hoje que o acordo UE-Mercosul irá agravar a destruição ambiental no Cerrado brasileiro, ao promover “o comércio de produtos relacionados com desflorestação e abusos de direitos humanos”.

Segundo a ATE, num relatório elaborado em conjunto com a organização Repórter Brasil, “nos primeiros seis meses de 2023, a desflorestação no Cerrado brasileiro atingiu níveis recorde”, um território pouco protegido ambientalmente, sendo que pouco mais de 8% está em áreas protegidas e onde a agroindústria está a instalar o seu negócio, face aos esforços de proteção da Amazónia.

O relatório foi divulgado no Âmbito da cimeira entre a União Europeia (UE) e a Comunidade de Estados da América Latina e Caraíbas (CELAC), que decorre na segunda e na terça-feira, em Bruxelas.

A ONG dá como exemplo a multinacional Bunge – que abastece de soja muitas cadeias de supermercados na Europa -, que nos últimos dois anos desflorestou mais de 11 mil hectares do Cerrado.

A ATE sustenta ainda que a ratificação do acordo UE-Mercosul contribuirá para agravar a situação no Cerrado e o movimento da agroindústria contra a agenda ambiental do Brasil, dado que promove “ainda mais o comércio de produtos ligados à desflorestação”.

Os ambientalistas denunciam ainda a criação, por multinacionais como a Bayer e a BASF, entre outras – de um grupo de interesse que já conseguiu fazer passar no Congresso de Brasília uma lei que ataca as terras indígenas e põe em risco a redução das emissões de gases com efeito de estufa.

O acordo comercial UE-Mercosul, cujas negociações foram concluídas em 2019 entre o bloco europeu e a Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, está por ratificar, principalmente devido a questões de proteção ambiental.

O Cerrado é um dos cinco grandes biomas brasileiros e corresponde a cerca de 25% do território nacional, com concentração principal no Planalto Central Brasileiro. É uma das regiões de maior biodiversidade do mundo, com estimativa de mais de 6 mil espécies de árvores e 800 espécies de aves. Junto à Mata Atlântica, é considerado um dos biomas (conjuntos de ecossistemas do mesmo tipo) mais ricos e ameaçados do mundo.





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