ONG pedem em Maputo ação parlamentar na transição energética sustentável na África Austral

O Observatório de Recursos da África Austral (SARW, na sigla inglesa), pediu hoje, em Maputo, a influência dos parlamentos africanos para se garantir no continente uma transição energética mais “sustentável e inclusiva”.
“Perguntamos: como promover uma transição responsável? Trata-se de reconhecer que, mesmo que o petróleo e o gás ainda sejam importantes em nossas economias, devemo-nos preparar para um futuro mais limpo, mais equitativo e mais sustentável”, afirmou Claude Kabemba, diretor executivo da SARW.
Falando em Maputo durante a conferência regional interparlamentar sobre mudanças climáticas, transição energética e o setor de petróleo e gás na região austral, que decorre a partir de hoje, o responsável disse que a SARW acredita que os parlamentos estão em uma posição única para serem “campeões” na liderança desta mudança.
“Vocês [parlamentares] moldam a legislação, exercem supervisão da autoridade executiva e buscam ver empresas que aderem aos direitos humanos e aos padrões ambientais. Isso se resume a responsabilizar governos e empresas, e devem garantir que vocês amplifiquem a vontade das pessoas – as vozes da comunidade que são frequentemente excluídas do planeamento energético, mas que são contribuintes através de vários impostos”, disse Kabemba, que lidera aquela Organização Não-Governamental (ONG).
Para o diretor-executivo do Instituto para Democracia Multipartidária (IMD), Hermenegildo Mulhovo, a transição energética não é apenas uma resposta ambiental, mas “oportunidade estratégica” para construção de economias mais diversificadas, resilientes e sustentáveis.
Nesse sentido, destacou que há possibilidade de se investir em fontes renováveis como a energia solar, hídrica e eólica, defendendo que pode contribuir para “garantir segurança energética, criar empregos verdes, aumentar o acesso à energia e alinhar os nossos países com os compromissos internacionais de combate às mudanças climáticas”.
”Este é um passo que exige responsabilidade e liderança política, com sentido de justiça social e visão para o futuro da nossa região”, acrescentou o dirigente da Organização Não-Governamental (ONG) IMD.
O IMD acredita que esta transição não pode ser tratada apenas como uma “questão técnica ou económica”, mas deve ser inclusiva e democrática.
“As decisões sobre o futuro energético dos nossos países devem ser participativas, envolver as comunidades e passar pelos parlamentos, que representam a vontade dos cidadãos”, finalizou.
Em 19 de julho, o presidente do Grupo Banco Mundial (BM), Ajay Banga, afirmou que Moçambique tem condições únicas em África para ser o centro energético do sul do continente, prometendo apoio a projetos para aumentar a capacidade produtiva.
“Neste país, têm tudo para criar o tipo certo de capacidade de energia e transmissão. E, francamente, nesta parte de África, ninguém tem a capacidade ou a capacidade para fazer o que pode ser feito com os ativos deste país”, afirmou Ajay Banga, em declarações aos jornalistas após visitar a Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB).
A conferência regional interparlamentar sobre mudanças climáticas junta deputados de cinco países da África Austral, com forte potencial no setor de petróleo e gás, representantes de governos, organizações da sociedade civil e parceiros internacionais.